Bastante elogiada por sua gestão da crise do coronavírus no território, a primeira-ministra recebeu 50% dos votos, e seu partido conquistou 65 das 120 cadeiras no Parlamento
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, prestou juramento em inglês e maori, nesta sexta-feira (6/11), para um segundo mandato, três semanas após sua impressionante vitória nas urnas.
A carismática primeira-ministra de 40 anos também nomeou membros de seu governo, uma equipe com significativa presença feminina e na qual a comunidade Maori está bem representada.
“Diria, simplesmente, que Aotearoa Nova Zelândia está sentada nesta mesa”, afirmou, usando o nome de seu país em maori.
Esta equipe governamental “tem perspectivas muito diferentes, talento, experiência e, como acontece em tempos de crise, um enorme compromisso com o país”, disse Ardern.
Bastante elogiada por sua gestão da crise do coronavírus no território, a primeira-ministra recebeu 50% dos votos, e seu partido conquistou 65 das 120 cadeiras no Parlamento.
A principal sigla da oposição, o Partido Nacional (de centro direita), conquistou 33 cadeiras. Seu vice-presidente, Gerry Brownlee, que liderou a campanha eleitoral, deixou o cargo.
Ardern destacou que sua prioridade é continuar lutando contra a pandemia e relançar a economia, afundada pelo impacto do coronavírus.
Com cinco milhões de habitantes, a Nova Zelândia registrou apenas 25 mortes por coronavírus, e sua estratégia foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para seu segundo mandato, Jacinda também prometeu promover projetos de infraestrutura, especialmente a construção de moradias sociais e investimentos em energias renováveis, e a formulação de políticas para continuar reduzindo as desigualdades e a pobreza no país.
Durante seu primeiro governo, a popularidade da primeira-ministra foi impulsionada também pela maneira como enfrentou os bombardeios de Christchurch (sul), onde um supremacista branco australiano matou 51 fiéis a sangue frio em duas mesquitas.
Sua compaixão e empatia pelas vítimas, as quais visitou cobrindo os cabelos, e a firmeza de sua resposta política, especificamente no que diz respeito ao controle da posse de armas e de conteúdos extremistas nas redes sociais, receberam elogios dentro e fora do país.
Maconha não, eutanásia sim
Coincidindo com a posse de Ardern, foram oficializados os resultados finais de dois referendos na Nova Zelândia, nos quais os eleitores rejeitaram, por uma pequena maioria, a legalização da cannabis para fins recreativos, mas se pronunciaram claramente a favor da legalização da eutanásia.
O “não” à legalização da cannabis para fins recreativos obteve 50,7% dos votos, e o “sim” 48,4%, afirmou a Comissão Eleitoral.
Os neozelandeses foram maciçamente a favor da legalização da eutanásia, com 65,1% dos votos a favor, e 33,7%, contra.
A recém-reeleita primeira-ministra, Jacinda Ardern, comprometeu-se a respeitar o resultado das duas votações. Nesse sentido, é pouco provável que a questão da legalização da maconha seja novamente submetida à consulta popular durante o mandato que acaba de começar.
O resultado apertado estimulará, no entanto, os defensores da legalização a continuarem pressionando por essa reforma.
Os dois referendos foram realizados em 17 de outubro, em paralelo às eleições gerais, nas quais Ardern foi reeleita por esmagadora maioria.
A líder foi cautelosa ao expressar seu ponto de vista sobre o uso recreativo da maconha, uma atitude criticada por seus defensores, embora tenha reconhecido que fumou maconha “há muito tempo”.
A lei sobre a eutanásia entrará em vigor em novembro de 2021. A norma estipulará que um adulto mentalmente saudável poderá pedir uma dose letal de medicamentos se sofrer de uma doença incurável que pode causar a morte em seis meses de uma forma “insuportavelmente” dolorosa.
O pedido deve ser assinado por seu médico e por um médico independente. Um psiquiatra também deverá ser consultado, se houver dúvida quanto às faculdades mentais do paciente.