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terça-feira, 17/06/2025




Dólar cai e fica abaixo de R$ 5,50 pela 1ª vez desde outubro

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VITOR HUGO BATISTA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar teve uma queda de 0,96% nesta segunda-feira (16), fechando o dia em R$ 5,487, marcando o menor valor de fechamento registrado em 2025. Desde o início do ano, a moeda americana acumula uma redução de 10,34%, e neste mês, uma baixa de 3,13%.

Essa é a primeira vez desde 7 de outubro do ano passado que o dólar fecha abaixo dos R$ 5,50, atingindo R$ 5,485 na mínima da sessão por volta das 16h58, próximo ao final do expediente.

A desvalorização da moeda acompanha a fraqueza do dólar no mercado internacional, influenciada pelo maior interesse dos investidores em ativos de risco, motivado pela diminuição das preocupações relacionadas ao conflito entre Irã e Israel e pela queda nos preços do petróleo, reflexo também observado no mercado acionário. Nesta semana, decisões sobre as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos acontecem.

A Bolsa encerrou o dia com valorização de 1,48%, atingindo 139.255 pontos, com apenas oito ações em queda, acompanhando o bom desempenho dos mercados americanos, europeus e asiáticos.

O cenário desta segunda-feira foi marcado pelo quarto dia de conflito aéreo entre Israel e Irã. Até a noite de domingo (15), foram contabilizadas 224 mortes no Irã, país com população dez vezes maior que a de Israel, que registrou cerca de 22 óbitos.

Informações sobre negociações entre o Irã e os Estados Unidos para que os EUA pressionem Israel a encerrar o fogo repercutiram de forma positiva, apesar da situação permanecer incerta. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que o país está no “caminho da vitória”.

Em situações de instabilidade geopolítica, o dólar é tradicionalmente visto como um ativo seguro, tendendo a ser favorecido pela aversão ao risco nos mercados. Contudo, hoje o dólar não conseguiu manter seus ganhos, já que os investidores seguem cautelosos em relação aos ativos dos EUA devido às incertezas causadas pela política comercial do presidente Donald Trump, que tem gerado preocupação sobre uma possível desaceleração econômica global.

“O câmbio reflete uma combinação de apetite por risco, estabilidade relativa nas contas externas e um mercado que vê o Brasil, neste momento, como um destino relativamente seguro para os investimentos, apresentando retorno elevado e risco político parcialmente contido”, afirmou João Duarte, sócio da One Investimentos.

Por outro lado, os preços do petróleo caíram nesta segunda-feira, após forte alta na semana anterior, à medida que os investidores reduziram os temores em relação ao conflito no Oriente Médio. Isso ocorreu porque os ataques militares entre Israel e Irã durante o fim de semana não atingiram instalações de produção e exportação de petróleo, o que gerou a percepção de que, por enquanto, a situação está localizada.

Os preços do barril de Brent, referência mundial, e do WTI (West Texas Intermediate), referência nos EUA, apresentaram quedas de 1,82% e 2,18%, respectivamente, revertendo parte da alta da sessão anterior. As ações da Petrobras fecharam com resultados mistos, com as ordinárias PETR3 subindo 0,40% e as preferenciais PETR4 caindo 0,86%.

“O mundo, de fato, não está sentindo os efeitos dos preços. Temos uma certa calmaria global e até um otimismo nas ações. Não que esse otimismo se deva apenas a isso, mas o mercado está atento a outros fatores”, comentou Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos.

Na Ásia, os mercados fecharam em alta: o índice CSI300 subiu 0,25%, o índice SSEC, de Xangai, avançou 0,35%, e o Hang Seng, de Hong Kong, cresceu 0,7%.

Na Europa, o índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,36%, interrompendo uma sequência de cinco sessões negativas, impulsionado principalmente pela valorização do setor bancário, que cresceu 1,9%.

Nos Estados Unidos, dados preliminares mostraram que o S&P 500 subiu 0,94%, o Nasdaq avançou 1,52% e o Dow Jones aumentou 0,76%.

Os mercados continuam ansiosos com a aproximação do prazo de três semanas dado pelo presidente Trump para fechar acordos comerciais, embora ainda haja distância nos entendimentos com principais parceiros como Japão e União Europeia.

O temor sobre a volta de tarifas punitivas no próximo mês momentaneamente ofuscou as preocupações relacionadas à guerra no Oriente Médio.

“As tensões geopolíticas têm oferecido pouco suporte ao dólar até o momento, refletindo a persistente desconfiança dos mercados no papel do dólar como porto seguro”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank. “Os investidores estão hesitantes em desfazer suas posições vendidas no dólar.”

Além dos riscos geopolíticos, a semana será marcada por decisões de política monetária global, incluindo anúncios do Fed (Federal Reserve) e do Banco Central do Brasil.

O banco central dos EUA deve anunciar sua decisão na quarta-feira (18), com expectativa generalizada de manutenção da taxa de juros, enquanto avalia os efeitos econômicos das políticas do governo Trump.

Já o Copom, do Banco Central brasileiro, se reúne nesta terça (17) e quarta-feira (18) para definir a taxa básica de juros (Selic).

O BC brasileiro entrará nessa reunião com incertezas, pois investidores estão divididos entre manter a Selic em 14,75% ao ano, com 68% de chance, ou promover um aumento de 0,25 ponto percentual, com 32% de probabilidade, conforme dados da LSEG.

“Não há consenso se o Copom vai manter a Selic ou realizar um último ajuste. A inflação continua pressionada, e a dúvida fiscal voltou a ganhar destaque no debate”, destacou Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T XP.

Quanto aos dados econômicos, o Brasil iniciou o segundo trimestre com crescimento maior que o esperado em abril, com dados do BC indicando alta de 0,2% no IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), acima da projeção inicial de 0,1%.

O boletim Focus divulgado nesta segunda mostrou uma redução na expectativa de inflação para 2025, que caiu de 5,44% para 5,25%. Para os anos seguintes, a previsão para o IPCA manteve-se em 4,5% (2026), 4% (2027) e 3,85% (2028).

Essa redução de 0,19 ponto percentual nas projeções é a maior feita pelo Copom neste ano e representa a terceira semana seguida de queda na expectativa para o IPCA.

Ao mesmo tempo, os economistas esperam um crescimento do PIB para 2,2% em 2025, um aumento de 0,02 ponto percentual em relação à última estimativa. Já a cotação do dólar deve fechar o ano em R$ 5,77, uma queda de R$ 0,03 em comparação com o levantamento anterior.

Investidores da Bolsa de São Paulo também acompanham a possível votação na Câmara dos Deputados de um projeto que visa anular os efeitos do decreto do governo sobre as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), publicado recentemente.

O presidente da Câmara, Hugo Motta, tem declarado que o ambiente na Casa não é propício para elevação de tributos com objetivo arrecadatório.




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