O chanceler alemão Friedrich Merz receberá nesta segunda-feira (15/12), em Berlim, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, além de diversos líderes europeus e representantes da Otan e da União Europeia. Os encontros, divididos em duas fases, discutirão o progresso das negociações de paz na Ucrânia, conforme informou o porta-voz alemão Stefan Kornelius.
Os Estados Unidos intensificam a pressão sobre Kiev para que aceite um cessar-fogo com a Rússia, com o presidente Donald Trump estabelecendo um prazo até o Natal para um acordo. Zelensky afirmou que os americanos desejam um entendimento total sobre a proposta até essa data.
Está prevista uma reunião no final de semana entre representantes americanos, ucranianos e os países do grupo E3 (Alemanha, França e Reino Unido), seguida de outra em Berlim na segunda-feira. Trump declarou que enviará representantes à Europa se vislumbrar uma boa chance de cessar-fogo.
Além das questões de segurança, Merz e Zelensky debaterão a cooperação econômica bilateral durante o fórum germano-ucraniano em Berlim.
As negociações avançaram após o plano de paz proposto por Donald Trump há cerca de três semanas, buscando o fim da guerra iniciada em 2022. Kiev apresentou uma versão ajustada de suas propostas, e os Estados Unidos querem concluir o acordo rapidamente.
Um ponto central das discussões é a definição das concessões territoriais que a Ucrânia estaria disposta a aceitar, segundo Merz. Os Estados Unidos propuseram criar uma zona econômica livre no oblast de Donetsk, ainda sob controle ucraniano, onde as tropas russas não entrariam, embora a gestão do território permaneça indefinida.
Zelensky explicou que os americanos sugerem uma zona econômica livre, enquanto a Rússia propõe uma zona desmilitarizada na região. Kiev aceitou a ideia de uma zona desmilitarizada com o apoio europeu, que incluiria ambos os lados da linha de frente e seria claramente regulamentada para definir os tipos de armamentos removidos e a missão de supervisão, idealmente com participação americana.
Por sua vez, a presidência francesa reforçou que a Ucrânia não fez acordos territoriais e não considera concessões atualmente, destacando a importância de garantias de segurança antes de qualquer ajuste territorial.
O plano dos Estados Unidos também contempla a possível adesão da Ucrânia à União Europeia em 2027, um tema sensível para alguns membros europeus, como a Hungria.
Apesar de revisões no plano americano, as negociações permanecem difíceis, principalmente nas questões territoriais em que Washington busca concessões importantes da Ucrânia. Zelensky afirmou que qualquer decisão territorial dependerá de eleições ou referendos na Ucrânia.
O conselheiro do Kremlin, Yuri Uchakov, afirmou que Moscou ainda não recebeu a nova versão do plano e destacou que um cessar-fogo só seria possível após a retirada completa das tropas ucranianas do Donbass, seja por negociação ou força militar. Ele mencionou a possibilidade de uma zona sem tropas ucranianas ou russas na parte de Donetsk controlada pela Ucrânia, mas com a presença da Guarda Nacional russa, uma força paramilitar autorizada a usar armamento pesado.

