Após permanecer fechado por mais de dez anos, o Teatro Nacional Cláudio Santoro finalmente reabriu suas portas ao público. Às quintas-feiras, a Sala Martins Pena, que passou por recente reforma, recebe os concertos da Orquestra Sinfônica Nacional Cláudio Santoro (OSTNCS). Já às sextas-feiras, o teatro oferece visitas guiadas para aqueles que desejam conhecer mais sobre um dos maiores ícones culturais de Brasília.
O teatro possui três salas, mas, por enquanto, apenas a Martins Pena está em uso. Segundo Luiz Fernando Coelho, arquiteto e servidor da Subsecretaria do Patrimônio Cultural (Supac), “Ela foi reaberta recentemente pelo governo local e conta com 478 lugares. As outras duas salas ainda estão em reforma e em fase de licitação.” Fechado desde 2014 devido a problemas de segurança, o teatro passou por uma reforma que respeitou suas características originais, mas incorporou as exigências do Corpo de Bombeiros. “Foram identificados 132 problemas, incluindo materiais inflamáveis como poltronas e carpetes que foram substituídos, além da construção de saídas de emergência que anteriormente não existiam.”
Coelho ressalta ainda as melhorias feitas para acessibilidade, como instalação de piso tátil, elevador, rampas, e poltronas adaptadas para pessoas com obesidade. Além disso, foram incluídas vagas exclusivas e saídas de emergência para aumentar a segurança. “O teatro está mais seguro do que nunca, tendo sido cuidadosamente adaptado para proteger o público.”
Aqueles que desejam fazer uma visita interna podem participar das visitas guiadas, realizadas às sextas-feiras, das 14h às 16h. O público percorre as dependências do teatro, ouvindo explicações sobre o projeto arquitetônico e fatos históricos. “Basta chegar. A visita começa com o grupo presente, desce até a Sala Martins Pena e depois retorna para começar novamente com os novos visitantes. Já tivemos grupos pequenos, com até 15 pessoas. Muitas pessoas ainda desconhecem que o teatro está funcionando novamente,” comenta Coelho.
Durante a visita, os participantes têm acesso a diversas áreas do prédio, como o palco, os camarins e os bastidores. “Os visitantes ficam encantados com a renovação do espaço, que está realmente belíssimo,” acrescenta o servidor. Uma das principais atrações são as obras do artista plástico Bulcão, colaborador de longa data do arquiteto Oscar Niemeyer. “Temos quatro obras dele aqui: o painel de azulejos da Sala Martins Pena, o painel de mármore da Sala Villa-Lobos e duas fachadas externas. Bulcão foi essencial para a construção da identidade visual de Brasília.”
Às quintas-feiras, os concertos da Orquestra Sinfônica Nacional atraem um grande público. Segundo Coelho, os ingressos são rapidamente esgotados, mas quem não conseguir reservar pela internet pode tentar obter uma senha presencial. “A orquestra distribui senhas cerca de uma hora e meia antes do espetáculo. Muitas pessoas vêm sem ingresso na esperança de conseguir um lugar, porque é um evento muito procurado, especialmente pelo público mais velho e fiel à orquestra.”
Além dos concertos e das visitas, o teatro também recebe outras atividades culturais organizadas conforme critérios específicos. A programação está praticamente definida até o final do ano. “A única atividade que pode ser divulgada oficialmente como parte da programação do teatro é a da orquestra. Os demais eventos são propostas de produtores culturais e, algumas vezes, são eventos fechados, como premiações ou homenagens. Para acompanhar, o ideal é consultar a agenda cultural da cidade,” orienta Coelho.
Para ele, a experiência mais completa é vivenciar as apresentações. “A melhor maneira de conhecer o teatro é com ele em funcionamento. A orquestra emociona o público com uma programação abrangente e diversa, incluindo concertos didáticos para escolas públicas, onde explicam os sons dos instrumentos e tocam temas de filmes e músicas regionais e populares. Isso aproxima o público de algo que muitas vezes parece distante.”
Entre os visitantes do teatro está Luciane de Lima, 53 anos, advogada de São Paulo, que veio a Brasília acompanhada da filha. Ela se encantou com a arquitetura da capital federal e afirmou que o prédio chama atenção pela imponência e detalhes. “Achei a arquitetura bonita, parece uma pirâmide, com símbolos laterais que parecem ser de outro mundo. Fiquei curiosa e quis conhecer o interior.”
Luciane está em Brasília há pouco tempo e se diz impressionada com a beleza da cidade. “Brasília é incrível, maravilhosa! Estou adorando ter essa chance de conhecer e mostrar para minha filha o que torna essa cidade tão especial.” Sobre a visita ao teatro, ela acredita que o interior deve ser tão impressionante quanto o exterior, que é enigmático. Mesmo com uma curta estadia, planeja retornar: “Vou embora amanhã, mas espero ter outras oportunidades para conhecer melhor esse lugar tão bonito.”
O Jornal de Brasília tentou contato com a Subsecretaria do Patrimônio Cultural (Supac), a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF) e a Secretaria da Pessoa com Deficiência para comentar sobre o funcionamento, acessibilidade e programação do teatro, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Informações úteis
- Teatro Nacional Cláudio Santoro
- Localização: Eixo Monumental, Brasília – DF
- Quintas-feiras: Concerto da Orquestra Sinfônica Nacional
- Horário: 20h
- Entradas gratuitas pelo site Ingresso Digital ou presencialmente, 1h30 antes do início (sujeito à disponibilidade)
- Sextas-feiras: Visita guiada ao teatro
- Horário: das 14h às 16h
- Não é necessário agendamento prévio