Pesquisadores identificaram uma nova forma do citomegalovírus (CMV) entrar nas células humanas. Essa descoberta pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes contra o vírus, que provoca malformações em bebês e afeta pessoas com imunidade baixa.
O CMV, presente em grande parte da população, pertence à família dos herpesvírus e geralmente não causa sintomas em adultos saudáveis, mas representa risco durante a gestação.
Jeremy Kamil, professor de microbiologia e genética molecular e um dos principais autores do estudo, declarou: “Descobrimos uma peça chave que explica por que as tentativas de vacinar contra o CMV não deram certo até agora.”
O que é o citomegalovírus?
O citomegalovírus (CMV) é um vírus pertencente à família dos herpesvírus que pode infectar várias partes do corpo. A transmissão ocorre pelo contato com fluidos corporais como sêmen, fezes, urina e secreções vaginais de pessoas infectadas.
Na maior parte das vezes, a infecção passa despercebida ou causa sintomas leves como febre e indisposição. Em alguns casos, podem aparecer fadiga, dores musculares, dor de garganta, aumento do fígado ou do baço e alterações nos exames de sangue.
Em indivíduos com sistema imunológico comprometido, o vírus pode causar problemas graves como inflamação da retina (que pode levar à cegueira), encefalite e pneumonia.
Estratégia para evitar a defesa do organismo
O estudo, divulgado na revista Nature Microbiology, revelou que além das estratégias comuns dos herpesvírus para invadir células, o CMV possui um método pouco conhecido. Ele forma um conjunto de proteínas especial que permite ao vírus entrar nas células dos vasos sanguíneos sem ser detectado pelo sistema imunológico.
Enquanto outros herpesvírus usam uma dupla de proteínas chamada gH-gL para invadir células, o CMV substitui a gL pela proteína UL116 e combina com a UL141. Esse trio — chamado de GATE pelos cientistas — funciona como uma “porta lateral”, permitindo a entrada e propagação do vírus sem alertar as defesas naturais do corpo.
Chris Benedict, professor no Instituto de Imunologia La Jolla e outro autor principal do estudo, explicou: “Acreditamos que focar no GATE pode aumentar as chances de combater a infecção pelo CMV e até eliminar esse vírus que permanece no organismo de forma permanente.”
Possibilidades para vacinas futuras
Os pesquisadores afirmam que o complexo GATE é um alvo promissor para a criação de vacinas e remédios antivirais. Até agora, o tamanho e a complexidade genética do CMV dificultaram o desenvolvimento de terapias eficazes.
Benedict acrescentou: “Se conseguirmos desenvolver vacinas ou medicamentos que bloqueiem a entrada do CMV, poderemos prevenir as doenças causadas por esse vírus em bebês e em pessoas com imunidade comprometida.”