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quinta-feira, 19/06/2025




Usina nuclear do Irã desafia poder militar dos Eua

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Uma instalação nuclear iraniana localizada em uma área montanhosa ao sul de Teerã representa o principal desafio para o objetivo declarado por Israel de desativar o programa de enriquecimento de urânio do Irã e evitar que o país crie armas de destruição em massa. Desde o início de suas operações militares, Israel atingiu com sucesso os centros nucleares de Natanz e Isfahan, onde o regime iraniano armazenava urânio enriquecido a 60%.

Contudo, o complexo nuclear de Fordo permaneceu praticamente intacto, conforme relatado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Lá, em 2023, a agência da ONU revelou ter detectado partículas de urânio com um grau de enriquecimento de 83,7% — próximo dos 90% requeridos para a fabricação de armas nucleares.

Diferente de outras instalações, Fordo foi construída quase 100 metros abaixo da superfície, em uma rede de túneis originalmente usados pela elite da Guarda Revolucionária Islâmica, uma peça-chave do regime. Essa profundidade natural protege o local contra ataques aéreos provenientes de Israel.

Essa defesa robusta teria influenciado o presidente dos EUA, Donald Trump, a reconsiderar seu envolvimento direto no conflito. Israel dispõe de armamentos capazes de destruir bunkers, como o usado contra o Hezbollah, mas eles não são suficientes para atingir Fordo.

Acredita-se que apenas a bomba antibunker americana GBU-57, com 13,6 toneladas e capaz de penetrar até 61 metros de rocha ou 18 metros de concreto, poderia destruir o núcleo do complexo. Contudo, especialistas divergem quanto à efetividade desse armamento diante da profundidade e estrutura reforçada da instalação.

Fordo usa a montanha como defesa natural

Situada numa antiga base militar próxima à cidade de Qom, Fordo foi erguida secretamente no início dos anos 2000. A comunidade internacional tomou conhecimento das operações subterrâneas ali ao menos a partir de 2009, quando o Irã reconheceu sua existência.

Estima-se que cerca de 3 mil centrífugas de enriquecimento de urânio estejam instaladas nos dois túneis principais do local. Imagens de satélite indicam que, na superfície, há apenas um edifício de suporte e seis entradas subterrâneas.

Embora seja menor que Natanz, Fordo é considerado capaz de produzir urânio com pureza mais elevada, tornando-o de maior importância militar. Antes dos ataques israelenses, o Irã planejava modernizar o complexo.

Behnam Ben Taleblu, diretor do programa para o Irã na Fundação para a Defesa das Democracias (FDD), comentou à AFP: “Os estoques de mísseis, lançadores e bases militares, as instalações de produção, os cientistas nucleares, além do comando militar do regime, receberam um duro golpe.” Contudo, ele ressaltou que ainda resta muita dúvida sobre a eficácia geral dos ataques israelenses sobre o programa nuclear iraniano, e que o foco agora está em Fordo.

A bomba GBU-57

De acordo com o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, o Pentágono apresentou ao presidente Trump diferentes opções, incluindo o uso da bomba GBU-57. Mas lançar o explosivo exigiria uma operação complexa, já que o centro de Fordo está muito além do alcance efetivo da bomba.

“Armas que atingem alvos subterrâneos precisam de invólucros robustos de aço para atravessar as camadas rochosas”, explicou Masao Dahlgren, especialista em defesa antimísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).

Devido ao seu peso e modo de disparo, a bomba de 6,2 metros deve ser lançada de 12 quilômetros de altitude pelo bombardeiro americano B-2, único capaz de carregá-la. Cada aeronave pode transportar duas dessas bombas e, recentemente, o Irã foi monitorado armazenando seis B-2 em uma base militar próxima às ilhas Maurício, num ponto estratégico relativamente próximo ao país.

Para garantir o sucesso de um ataque definitivo, seria necessário disparar múltiplas bombas com precisão. Além disso, o concreto reforçado presente na estrutura pode impedir o avanço do explosivo, mesmo com dispositivos GPS integrados.

Implicações políticas e riscos

Tal ataque envolveria significativas repercussões políticas para os Estados Unidos. Até agora, Trump tem optado por soluções diplomáticas, apesar de considerar eventual envolvimento no conflito.

Uma ação militar exigiria a violação do espaço aéreo iraniano e colocaria tropas americanas na região sob risco de retaliação iraniana, além de poder causar ampla contaminação nuclear.

O embaixador de Israel em Washington, Yechiel Leiter, afirmou que seu país dispõe de diversas alternativas para responder a Fordo, incluindo a possibilidade de enviar forças terrestres para capturar a instalação e destruí-la internamente.




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