A eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a polarização política no país, principalmente com o endurecimento das ações contra imigrantes sem documentação legal. Em reação, os políticos de oposição, pertencentes ao partido democrata, têm feito fortes críticas ao governo, o que tem resultado na detenção desses representantes.
A crise política ligada às políticas de deportação adotadas por Trump agravou-se com os acontecimentos em Los Angeles, que levaram a um confronto direto entre o presidente e o governador do estado, o democrata Gavin Newsom. Trump chegou a ameaçar prender Newsom.
Brad Lander, controlador da cidade de Nova York e candidato à prefeitura, foi detido em um tribunal de imigração em Lower Manhattan enquanto tentava acompanhar um imigrante alvo de prisão pelos agentes federais.
“Isso representa um poder executivo, especialmente no Departamento de Segurança Interna, que extrapola seus limites. Os membros do Congresso precisam estar protegidos contra o poder executivo? Espero que não”, declarou a senadora democrata de Minnesota, Tina Smith.
O Departamento de Segurança Interna afirmou que Lander, que está atrás nas intenções de voto para prefeito, teria tentado enfraquecer a autoridade policial para ganhar notoriedade, além de agredir os agentes, acusações que ele negou após ser libertado em 17 de junho.
O deputado republicano por Nova York, Mike Lawler, escreveu: “Pare de transformar isso em autopromoção com o objetivo de ganhar relevância eleitoral”.
Na Califórnia, protestos iniciados em 6 de junho em Los Angeles e regiões próximas foram uma resposta ao aumento das ações federais de imigração. Os manifestantes entraram em confronto com as forças de segurança, resultando em episódios de violência e diversas prisões, inclusive de cerca de 44 pessoas no primeiro dia dos protestos.
Essas prisões fazem parte de uma campanha nacional de repressão à imigração irregular, promovida pelo ex-presidente Donald Trump, que inclui operações e deportações em vários estados.
Trump ordenou o envio de 4.100 soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais para Los Angeles, sem o consentimento do governador Gavin Newsom. O governador classificou essa ação como inconstitucional, dizendo que o estado possui condições para lidar com os protestos sozinho, e entrou com uma ação judicial contra o presidente, contestando o envio das tropas.
Essa é a primeira vez em décadas que um presidente dos Estados Unidos mobiliza a Guarda Nacional de um estado sem a autorização do governador local.
Para o líder democrata na Câmara, o representante Hakeem Jeffries, de Nova York, a perseguição intensa a autoridades democratas eleitas pelo governo federal pode colocar em risco a vida de servidores públicos que respeitam a lei, devido a ataques de extremistas violentos.
Na semana anterior, o senador democrata da Califórnia, Alex Padilla, foi retirado à força e algemado durante uma coletiva de imprensa da secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, mesmo após se identificar como senador.
“Assim como eu, Lander teve a coragem de questionar a legitimidade das ações federais, e acabou algemado, pressionado contra a parede e detido. Se isso ocorreu diante de todos, imagine o que acontece em outras comunidades quando as câmeras estão desligadas. Isso deve ser um alerta nacional”, declarou o senador em nota.
No início deste ano, o FBI prendeu uma juíza de Milwaukee acusada de proteger um imigrante ilegal perante agentes federais.
No mês anterior, agentes federais prenderam o prefeito de Newark, Ras J. Baraka, e posteriormente indiciaram a deputada LaMonica McIver, de Nova Jersey, devido a um confronto ocorrido em frente a um centro de detenção de imigrantes.