As intensas chuvas que têm caído no Rio Grande do Sul desde o começo desta semana provocaram novamente enchentes e fizeram o nível de vários rios importantes subir, afetando áreas que ainda se recuperam das enchentes de 2024.
Situação geral
Entre terça-feira (17/6) e quarta-feira (18/6), Porto Alegre acumulou 106,5 milímetros de chuva, quase chegando à média histórica para junho, que é de 115 mm.
Ao todo, 51 municípios registraram problemas causados pelas chuvas, incluindo quedas de árvores, falta de água e luz, além de danos em ruas e pontes.
De acordo com a Defesa Civil do estado, mais de 2.300 pessoas estão fora de suas casas, sendo cerca de mil acolhidas em abrigos públicos. Jaguari é uma das cidades mais afetadas, com cerca de 1.200 pessoas desalojadas.
Ainda que a quantidade de chuva e os impactos sejam grandes, meteorologistas dizem que, até o momento, este episódio não deve ser tão grave quanto a enchente de maio de 2024.
Em Lajeado, a cidade no Vale do Taquari, o rio local ultrapassou novamente o limite para enchentes nesta quarta-feira (18/6), chegando a 19,33 metros, enquanto o limite para transbordamento é 19 metros. A média histórica para essa cidade é cerca de 13 metros. No ano passado, durante a maior tragédia climática do estado, o Taquari subiu a mais de 30 metros, causando grandes enchentes.
Muçum, outra cidade muito afetada em 2024, tem o nível do rio próximo a 11 metros. A Defesa Civil está monitorando essa situação, que por enquanto parece estar se estabilizando e até caindo.
Impactos na Região Metropolitana
Em Canoas, as chuvas fortes da madrugada trouxeram problemas. Em quatro horas, choveu 69 milímetros, mais que o previsto para o dia todo. Pelo menos 117 pessoas estão fora de casa, com 28 desabrigadas e 89 desalojadas. A prefeitura abriu um abrigo de emergência no ginásio São Luís, com capacidade para 150 pessoas.
Apesar de alguns pontos alagados, a prefeitura disse que não há risco de grandes enchentes como as das últimas vezes. Equipes da Defesa Civil e da Secretaria de Obras estão limpando galerias de água e ajudando na drenagem das áreas afetadas.
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Mathias Velho teve que parar seu atendimento por causa das ruas inundadas. Os pacientes estão sendo enviados para o Hospital Nossa Senhora das Graças. As escolas públicas também suspenderam as aulas por segurança.
No restante da Região Metropolitana, os níveis dos rios continuam subindo, mas ainda estão abaixo do limite para transbordar. O Rio dos Sinos, em São Leopoldo, está em 3,44 metros, e o lago Guaíba, em Porto Alegre, está em 2,07 metros, ainda longe do limite de 3,60 metros para enchentes. A preocupação está no impacto das águas que descem das regiões do norte do estado.
Alerta para os próximos dias
O tempo no Rio Grande do Sul deve continuar instável nos próximos dias. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), um bloqueio atmosférico é o principal motivo das chuvas constantes no estado desde o começo da semana. Esse fenômeno impede a passagem das frentes de nuvens, mantendo o tempo fechado e favorecendo tempestades.
A previsão é que esse sistema climático influencie o tempo no estado até sexta-feira (20/6), quando deve se deslocar para Santa Catarina.
Até lá, o risco de novos alagamentos e outros problemas continua, principalmente nas regiões norte e noroeste, onde chove mais até quinta-feira (19/6).
Também existe a possibilidade da formação de um ciclone extratropical, causado pela interação entre a baixa pressão sobre o estado e o movimento desse sistema para o oceano.