O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não estará presente fisicamente na reunião dos Brics marcada para a próxima semana no Rio de Janeiro. A ausência foi confirmada nesta quarta-feira (25/6) por Yuri Ushakov, assessor do Kremlin para política externa, que relacionou a decisão à incerteza do governo brasileiro sobre como lidar com o mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).
“O governo brasileiro não conseguiu se posicionar claramente, o que impossibilitou a participação do nosso presidente na reunião”, afirmou Ushakov.
Apesar disso, o líder russo deve participar por meio de videoconferência, enquanto a delegação da Rússia será chefiada presencialmente pelo chanceler Sergei Lavrov.
Tribunal Penal Internacional e Vladimir Putin
O Brasil é signatário do Estatuto de Roma, o tratado que criou o TPI, e teoricamente deve cumprir seus mandados. Em 2023, o tribunal emitiu um mandado de prisão contra Putin, acusando-o de crimes de guerra relacionados à deportação forçada de crianças ucranianas na invasão à Ucrânia.
O governo russo não reconhece a legitimidade do tribunal e considera o mandado inválido.
A indecisão brasileira foi interpretada pelo Kremlin como um risco diplomático, pois não houve garantia de que Putin estaria seguro para não ser detido em solo brasileiro.
Ausências em eventos internacionais
Esta não é a primeira vez que Putin evita eventos internacionais devido ao risco de prisão. Em 2023, ele também não participou da cúpula dos Brics na África do Sul por temer consequências legais. No entanto, no mesmo ano, foi recebido com honras na Mongólia, país também signatário do TPI, que garantiu que não cumpriria a ordem.
Além de Putin, indicações da imprensa chinesa apontam que Xi Jinping, presidente da China, também pode não comparecer à reunião dos Brics que será realizada no Rio de Janeiro no início do próximo mês.