Depois de quase três anos sem contato direto, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da França, Emmanuel Macron, conversaram por telefone na terça-feira (1º/7). A chamada teve duração superior a duas horas e tratou principalmente do aumento das tensões no Oriente Médio, com destaque para os conflitos envolvendo Irã, Israel e Estados Unidos. O conflito na Ucrânia também foi um tema central do diálogo.
De acordo com o Kremlin, os líderes discutiram detalhadamente a situação na região após os ataques dos EUA a instalações nucleares iranianas.
Com o tradicional tom diplomático, ambos ressaltaram a importância da manutenção da paz e da segurança internacionais.
Os presidentes concordaram na necessidade de preservar o regime global de não proliferação nuclear, reconhecendo ao Irã o direito legítimo de desenvolver energia nuclear para fins pacíficos, desde que respeite as obrigações junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Teerã segue resistente em permitir inspeções, principalmente depois dos ataques israelenses e americanos ao seu programa nuclear.
Harmonia após três anos
A semelhança no discurso dos dois líderes evidencia uma rara sintonia em meio a profundas divergências geopolíticas. A origem da ligação não foi divulgada por nenhum dos lados.
No entanto, a Rússia costuma destacar contatos de líderes ocidentais como demonstração de força. Desta vez, tanto o Kremlin quanto o Palácio do Eliseu optaram por manter o sigilo sobre a iniciativa.
Guerra na Ucrânia
Em relação ao conflito que persiste há três anos na Europa Oriental, as posições permanecem distantes. Macron reafirmou a defesa da integridade territorial da Ucrânia e solicitou um cessar-fogo imediato.
Putin, por outro lado, reiterou que o Ocidente é responsável pelo início da guerra e destacou que qualquer acordo de paz deve considerar as novas realidades territoriais, em referência às quatro regiões ucranianas anexadas ilegalmente pela Rússia desde 2022.
A conversa ocorreu no mesmo dia em que Moscou anunciou o controle total de uma dessas regiões.
Embora Macron continue pressionando pela paz, ele também tem sido um defensor do apoio militar à Ucrânia, incluindo o envio de caças Mirage-2000 e a possibilidade de tropas europeias no país, o que gerou tensão com Moscou no ano anterior.
A retomada do diálogo demonstra que o canal diplomático entre os países permanece aberto, especialmente em um momento em que os Estados Unidos indicam possíveis mudanças em sua política externa com a possível volta de Donald Trump à presidência.
O telefonema foi concluído com o compromisso de manter o contato e alinhar estratégias conforme necessário, principalmente no que diz respeito ao Oriente Médio.