O Rodrigo Bacellar, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) filiado ao União Brasil, foi detido preventivamente pela Polícia Federal na quarta-feira, 3 de dezembro, em meio à Operação Unha e Carne. Essa operação apura o vazamento de dados sigilosos da Operação Zargun, que mirou políticos e funcionários públicos vinculados ao Comando Vermelho. A ordem de prisão teve a assinatura do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), onde o processo está em andamento.
Bacellar está detido na Superintendência da Polícia Federal do Rio, onde tem direito a uma sala do tipo Estado-Maior.
A Comissão de Constituição e Justiça da Alerj votou, no dia 8 de dezembro, pela libertação de Bacellar por quatro votos contra três. A decisão será agora analisada pelo plenário, que decidirá se mantém ou revoga a prisão, embora o veredito final pertença ao STF, que pode aceitar ou não a recomendação da comissão.
Rodrigo Bacellar está em seu segundo mandato como deputado estadual e já atuou como secretário de Governo do Rio de Janeiro de 2021 a 2022, indicado pelo governador Cláudio Castro (PL).
Acusações contra Bacellar
A Polícia Federal suspeita que Bacellar teria repassado informações confidenciais da Operação Zargun ao deputado TH Joias (MDB), preso em setembro por envolvimento com o Comando Vermelho. O vazamento pode ter atrapalhado as investigações.
Documentos indicam que Bacellar aconselhou TH Joias a remover provas de sua residência para dificultar a apuração.
A defesa do deputado nega quaisquer irregularidades e sustenta que não há motivos para a prisão preventiva.
Além da prisão, agentes federais cumpriram mandados de busca em propriedades associadas a Bacellar em Botafogo, Campos dos Goytacazes, Teresópolis e na própria Alerj. Durante as ações, foram confiscados R$ 90.840 em dinheiro em espécie, encontrados no carro oficial do deputado, e três celulares que passarão por perícia.
Bacellar foi detido após uma convocação para uma reunião com o superintendente da PF no Rio, Fábio Galvão.
Contexto da Operação Zargun
A Operação Zargun, deflagrada em setembro, investiga uma rede de corrupção que supostamente conectava líderes do Comando Vermelho no Complexo do Alemão com agentes públicos, incluindo policiais militares, um delegado federal, ex-secretários municipais e estaduais, e o deputado TH Joias.
As suspeitas abrangem organização criminosa armada, tráfico interestadual de drogas, contrabando, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e violação de sigilo. Mensagens interceptadas durante a operação levaram os investigadores a considerar a participação de Bacellar no vazamento de informações.
Na decisão que autorizou a prisão preventiva de Bacellar, o ministro Alexandre de Moraes ressaltou a existência de fortes evidências da participação do deputado em uma organização criminosa. O ministro apontou que o Comando Vermelho estaria se infiltrando politicamente no estado e que Bacellar teria colaborado para obstruir investigações.
Segundo Moraes, Bacellar manteve contato prévio com TH Joias antes da operação e o orientou a esconder provas de interesse da Polícia Federal. O ministro mencionou o risco de reincidência criminal e a possibilidade de interferência nas investigações como justificativas para a prisão preventiva.

