A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) realizou uma operação nas primeiras horas da manhã de terça-feira (24/8) para desmantelar uma rede ilegal de fornecimento de sinal de internet, que representa uma das principais fontes de receita do Comando Vermelho (CV). As investigações identificaram provedores clandestinos, que, com o respaldo logístico e operacional da facção criminosa, impunham seus serviços de maneira coercitiva e violenta para a população. Isso incluía sabotagem de redes concorrentes, ameaças a residentes e comerciantes, e o uso de equipamentos roubados e veículos descaracterizados para atividades ilícitas.
Equipe da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e da 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso), com suporte da Coordenação de Recursos Especiais (Core), cumpriram 15 mandados de busca e apreensão em diversos locais nas cidades do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São Gonçalo e Cabo Frio. Essa organização criminosa mantinha um monopólio forçado dos serviços de internet em comunidades sob o domínio da facção.
Durante a ação, foram registrados vídeos e fotografias que mostram operários destruindo cabos de fibra óptica pertencentes a provedores legítimos em Jardim Primavera, Duque de Caxias. Os envolvidos vinculavam-se às empresas Inovanet Telecom, Networking Telecom e S1 Telecom, esta última também conhecida como Fibra Rio, que eram utilizadas para consolidar o monopólio criminoso.
Na Praça Seca, Zona Oeste do Rio, flagrantes indicaram que a empresa Fibra Rio impunha seu serviço com exclusividade, eliminando concorrentes de forma agressiva. Um veículo associado à organização foi visto patrulhando áreas onde provedores rivais haviam sido desativados.
Foi ainda detectado um depósito com equipamentos de rede roubados e peças automotivas de procedência duvidosa. A análise patrimonial indicou que veículos eram adquiridos em leilões de seguradoras, estratégia para dificultar o rastreamento e camuflar bens usados em atividades criminosas.
Essa estrutura criminosa apresentava uma divisão clara de funções, desde a execução das operações até a logística de sabotagem e controle territorial da oferta de internet. Esta configuração caracteriza organização criminosa, conforme a Lei 12.850/2013, além dos crimes de interrupção ou perturbação de serviços de telecomunicações, receptação e lavagem de dinheiro.
A Polícia Civil destaca que o domínio ilegal sobre a infraestrutura de internet em áreas vulneráveis viola direitos fundamentais como comunicação, acesso à informação e cidadania digital. Ao impedir o funcionamento de empresas legais, o crime exclui comunidades inteiras do acesso a serviços essenciais para educação, trabalho, serviços públicos e liberdade de expressão.
Além disso, ao eliminar concorrentes pela força, esse modelo distorce o mercado, eleva os preços e oferece serviços de baixa qualidade sem regulamentação ou proteção, beneficiando financeiramente as facções criminosas e fortalecendo seu controle territorial.
Segundo a PCERJ, a operação teve como objetivo reunir documentos, mídias digitais, equipamentos e registros financeiros que comprovem as atividades ilícitas e expandam o mapeamento da rede criminosa. O material apreendido será analisado para fundamentar futuras investigações e processos judiciais.