A Polícia Federal (PF), em relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), apontou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o principal beneficiário de atividades clandestinas e da manipulação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no episódio denominado Abin Paralela.
De acordo com a investigação, as operações ilegais tinham como objetivo favorecer principalmente o chamado núcleo político, realizando ataques direcionados contra adversários políticos e ao sistema eleitoral. O relatório abriga detalhes que evidenciam a execução dessas ações ilícitas para interesses específicos deste grupo.
Entre os membros destacados pelo relatório da polícia está o ex-presidente e também seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro. Embora a PF tenha identificado o ex-presidente como o maior destinatário das operações clandestinas, ele não chegou a ser formalmente indiciado no caso, pois já está sob investigação no STF por assuntos relacionados.
O ministro relator Alexandre de Moraes tornou públicos os documentos da investigação em 18 de junho, após a detecção de vazamentos seletivos do relatório policial. As apurações abordam o uso da Abin para vigiar opositores e adversários políticos da gestão de Bolsonaro entre 2019 e 2021, quando Alexandre Ramagem estava à frente da agência.
Segundo o documento, a espionagem paralela foi executada com auxílio do software israelense First Mile, uma ferramenta capaz de rastrear localização de indivíduos via informações captadas por torres de telecomunicações, adquirida no governo anterior.
A PF ressalta que essa estrutura alternativa foi empregada para proteger o núcleo familiar presidencial e monitorar críticos do ex-presidente, utilizando recursos federais para esse fim.
“A análise dos registros do sistema First Mile expôs a existência de uma organização criminosa sofisticada e altamente agressiva infiltrada na Agência Brasileira de Inteligência”, salientou a Polícia Federal.