A Polícia Federal (PF) agendou para terça-feira (1º/7) os depoimentos de Fábio Wajngarten, ex-assessor, e do advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Paulo Cunha Bueno.
Ambos serão ouvidos no inquérito que investiga uma possível tentativa de obstrução da ação penal que apura uma suposta conspiração golpista para manter Bolsonaro no poder. Os depoimentos ocorrerão simultaneamente por volta das 14h.
No mesmo dia, também prestarão depoimento Marcelo Câmara e seu advogado, Eduardo Kuntz. Este apresentou à PF áudios em que conversa com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Cid, em depoimento dado na última terça-feira (24/6), negou ter usado as redes sociais da esposa para se comunicar com Kuntz. Ele também declarou que o advogado, junto a Paulo Bueno, tentou convencer familiares do ex-ajudante a adotarem uma “defesa conjunta” com a do ex-presidente.
Cid destacou o interesse da defesa em colaboração premiada
O ex-ajudante revelou não entender por que Kuntz teve contato com sua família, visto que sua relação com ele era distante — Kuntz atuou na defesa de Bolsonaro e, por isso, tiveram contatos pontuais.
Em um dos encontros com a mãe, Kuntz estava acompanhado pelo advogado Paulo Bueno, defensor atual de Bolsonaro. Na ocasião, eles se colocaram à disposição da mãe para defender o filho — preso no caso da suposta trama golpista. Cid entregou à PF um documento assinado pela mãe, confirmando essa abordagem.
Sobre as tentativas de Kuntz em relação à filha, Cid acredita que o advogado buscava informações sobre a colaboração premiada.
Contato de Wajngarten com familiares
Cid contou que Fábio Wajngarten, ex-assessor de Bolsonaro, se aproximou da esposa e da filha menor dele entre agosto e setembro de 2023.
As conversas foram via WhatsApp, mas em uma ocasião, Wajngarten teria ligado para a esposa com o objetivo de convencê-la a trocar os advogados que o defendiam.
O ex-ajudante apresentou à PF uma declaração escrita e assinada pela esposa, narrando esse episódio. Ele acredita que as abordagens tinham a intenção de obter detalhes sobre a delação.
Wajngarten foi desligado do Partido Liberal (PL) em maio, após vazamento de mensagens envolvendo críticas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O ex-assessor negou as acusações feitas por Cid e afirmou que a criminalização da advocacia serve como distração para encobrir a falta de voluntariedade do réu delator Mauro Cid e a consequente nulidade da colaboração.