NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, declarou nesta quarta-feira (18) que a empresa fará um grande esforço para distribuir dividendos extras ainda este ano, embora essa decisão dependa da variação no preço do petróleo.
Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou que está negociando o pagamento de dividendos extraordinários pelas estatais para ajudar a cumprir as metas fiscais, o que elevou o valor das ações da Petrobras nas bolsas de valores.
“Sobre dividendos extraordinários, espero conseguimos, estou empenhada para que isso aconteça”, afirmou Magda, sem mencionar diretamente o ministro.
Ela ressaltou que o sucesso dessa iniciativa está condicionado ao comportamento do preço do petróleo, que caiu significativamente em abril após a imposição de tarifas pelo governo dos Estados Unidos, porém vem se recuperando graças a eventos recentes no Oriente Médio.
Antes da retomada dos preços, a Petrobras havia iniciado um programa rigoroso de redução de custos para se ajustar à nova realidade do mercado. Segundo Magda, esse esforço continua apesar da recente melhora nos preços.
O ministro Haddad tem enfrentado dificuldades no Congresso e críticas do mercado e da população quanto às tentativas de aumentar a arrecadação, como na elevação da tarifa do IOF.
O governo estuda outras medidas para aumentar a arrecadação, incluindo ações que poderiam impactar negativamente o setor de petróleo e, consequentemente, os dividendos da Petrobras.
Essas propostas foram apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que espera levantar cerca de R$ 35 bilhões com algumas mudanças no setor petrolífero.
Dentre as medidas estão o aumento da cobrança da participação especial sobre o campo de Tupi, o maior do país, e a revisão do preço base para o cálculo dos royalties da produção de petróleo.
Ambas as mudanças poderiam diminuir a receita da Petrobras, que é a maior acionista do campo de Tupi e a maior pagadora de royalties no país, o que acarretaria um aumento nos seus custos.
Magda afirmou que a Petrobras respeita a legislação vigente, porém acredita que quaisquer alterações relativas à participação especial deveriam valer somente para contratos futuros.
“Reconhecemos que nosso país valoriza a segurança jurídica, estabilidade e o respeito aos contratos. Caso haja nova legislação, esperamos que ela não tenha efeito retroativo”, concluiu.