Durante uma escavação para instalar tubulações de gás em Lima, uma múmia com mais de mil anos foi inesperadamente descoberta, confirmando que sob a superfície da capital peruana existem túmulos pré-hispânicos.
Na segunda-feira (16), operários da empresa Cálidda encontraram a 50 centímetros de profundidade sinais de restos humanos, quando avistaram um tronco de guarango, que era usado antigamente para marcar sepulturas, explicou o arqueólogo Jesús Bahamonde, coordenador científico da Cálidda.
Na escavação até 1,20 metro, revelaram um fardo funerário — uma múmia de cultura pré-hispânica.
Jesús Bahamonde informou que inicialmente pensaram que seria uma menina, mas descobriram que era um menino jovem, com idade entre 10 e 15 anos.
O corpo foi encontrado em posição sentada, com braços e pernas dobrados, amarrado com cordas, e acompanhado por cabaças.
Ao lado da múmia, havia nove peças de cerâmica como tigelas, pratos, garrafas e cântaros com desenhos geométricos e figuras humanas de pescadores, típicos do período entre os anos 1000 e 1200.
Esses vestígios pertencem à cultura pré-incaica Chancay, que dominou grande parte dos vales de Lima entre os séculos XI e XV. A descoberta ocorreu no distrito de Puente Piedra, ao norte de Lima, em local onde no passado existia um cemitério que acabou sendo coberto com o tempo.
Desde 2004, quando a Cálidda começou suas atividades na cidade, a empresa identificou mais de 2.200 achados arqueológicos acidentalmente.
No Peru, empresas que fazem perfurações no solo são obrigadas a contratar arqueólogos, pois há alta possibilidade de encontrarem vestígios históricos. Em Lima, com seus 10 milhões de habitantes, existem mais de 500 sítios arqueológicos, com destaque para as huacas, cemitérios antigos feitos principalmente de adobe.