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sexta-feira, 22/11/2024
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Mulher mantida em cárcere com filhos por 17 anos disse que família chegava a ficar até 3 dias sem comer

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Vítima contou ainda que ela e os filhos sofriam violência física e psicológica de forma permanente. Luiz Antonio Santos Silva foi preso pelo crime. Vizinhos contaram que ele recebia comida doada, mas preferia jogar fora para que a família não comesse.

A mãe é socorrida com a filha no colo: jovem, que parece criança, tem 22 anos — Foto: Reprodução

A mulher que era mantida por 17 anos em cárcere privado junto com os filhos em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, contou, em seu depoimento à polícia, que os três sofriam violência física e psicológica de forma permanente e que eles chegavam a ficar três dias sem comer.

A vítima disse ainda que o marido, Luiz Antonio Santos Silva, nunca permitiu que ela trabalhasse e que os filhos frequentassem a escola.

Luiz Antonio foi preso nesta quinta-feira (28), após uma denúncia anônima. Ele vai responder por sequestro ou cárcere privado; vias de fato; maus-tratos e tortura.

Vizinhos relataram que Luiz Antonio, conhecido como DJ, costumava colocar o som alto para abafar os gritos de socorro. E que Luiz Antonio costumava jogar fora a comida doada pela vizinhança para que a mulher e seu filhos não comessem.

‘Situação estarrecedora’, dizem policiais

Policiais militares do 27º Batalhão (Santa Cruz), que socorreram a família, disseram que, mesmo acostumados a lidar com crimes, se surpreenderam com o caso. A principal preocupação foi oferecer atendimento médico a família.

“A situação era estarrecedora”, resumiu o policial militar que prestou socorro.

Família mantida em cárcere em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, recebe atendimento médico após chegada da Polícia Militar — Foto: Reprodução/ TV Globo
Família mantida em cárcere em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, recebe atendimento médico após chegada da Polícia Militar — Foto: Reprodução/ TV Globo

A família vivia em condições sub-humanas e sem higiene.

Os filhos, de 19 e 22 anos, foram encontrados amarrados, sujos e subnutridos. E, apesar de adultos, aparentam ter a idade de crianças.

“Encontraram na residência uma senhora e mais duas pessoas que eram filhos dessa senhora com aparência de uma criança, subnutridos”, falou o agente sobre as condições da família.

O caso é investigado pela 43ª DP (Guaratiba).

A Secretaria Municipal de Saúde informou que a mulher e os filhos que estavam em cárcere privado apresentavam quadro de desidratação e desnutrição grave e estão recebendo o atendimento necessário, além do acompanhamento dos serviços social e de saúde mental.

Desnutrição impressionou vizinhos

Os vizinhos também se surpreenderam com a aparência da família. Marizete Dias, moradora da região, ficou impressionada com a situação de desnutrição da família e contou que no momento da libertação da família pela polícia, a mulher não conseguia sequer falar.

“Vimos o estado que as duas crianças saíram daqui e mais uma semana, acho que não iria mais sobreviver, e eu falei com ela na ambulância. E ela está sem conseguir falar, se expressar, até porque de fraqueza”, disse Marizete.

Os vizinhos relataram que tentaram pedir ajuda ao poder público, mas, sem retorno, passaram a alimentar a mãe e seus dois filhos escondidos.

“As crianças ficavam presas, amarradas. Na quarta-feira, eu trouxe pão, mas a mulher contou que o Luiz viu e jogou fora, contou que ele queria bater nela, que achou ruim, e que eles não comeram nada”, contou Sebastião Gomes da Silva.

Ele contou ainda que, na quinta-feira (28), dia da libertação da família, conseguiu dar uma fruta para a menina.

“A menina pegou hoje aqui, a bichinha pegou a banana e comeu com casca e tudo. Ela estava com muita fome”, contou.

Caso já tinha sido denunciado

Moradores contaram ainda que denúncias foram feitas ao posto de saúde do bairro e ao Conselho Tutelar, mas que de nada adiantou.

A direção da Clínica da Família Alkindar Soares Pereira Filho informou que notificou a suspeita de maus-tratos em 2020 ao Conselho Tutelar da região.

O Conselho Tutelar de Guaratiba disse que acompanha o caso há dois anos, que chamou o Ministério Público e polícia, mas nada foi feito até então. O Ministério Público não retornou.

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