O ministro da Defesa José Múcio Monteiro comentou na terça-feira (25/11) sobre a conclusão do processo envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e demais acusados do núcleo principal da trama golpista. Ele afirmou que o país está finalizando um “ciclo difícil”, marcado pela responsabilização dos envolvidos, incluindo militares, mas sem comprometer as instituições.
“Nós esperávamos pelas prisões. Está se encerrando um período em que os responsáveis estão sendo punidos, e felizmente as instituições continuam fortes. Democracia preservada, Forças Armadas preservadas”, declarou.
Múcio classificou o processo como “doloroso”, porém necessário, ressaltando que o processo teve um início, um meio — que foi desagradável — e agora estamos lidando com o desfecho.
Ele também destacou que durante as investigações e condenações, não houve manifestações de insatisfação por parte da liderança militar.
“Durante todo esse tempo — e nós somos veteranos — não vimos nenhuma nota de protesto, nem das instituições, nem de pessoas físicas. Só tenho a agradecer e me sinto satisfeito porque esse ciclo está se encerrando. Agora precisamos seguir em frente.”
Reconheceu que internamente houve “desconfortos e insatisfações”, mas todas as Forças cumpriram o papel que lhes foi exigido.
Condenação inédita de general quatro estrelas
Sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que militares condenados cumpram pena em estabelecimentos das Forças Armadas — medida que pela primeira vez atinge generais de quatro estrelas — Múcio preferiu não se pronunciar.
“Não posso opinar, pois estaria me intrometendo em decisão da Justiça Militar”, afirmou. “Pode não ser confortável, mas eles vão cumprir seu papel. Todos devem agir com responsabilidade e, muitas vezes, fazer o que não gostariam, mas precisam fazer.”
O ministro ressaltou que o governo sempre colocou as instalações das três Forças à disposição da Justiça para a definição dos locais de cumprimento de pena. “Decisões da Justiça podem agradar ou não, mas devem ser respeitadas.”
Múcio afirmou que ainda não conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a decisão do STF e que, informado do fim do processo, dirigia-se ao Ministério da Defesa.