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sexta-feira, 20/06/2025




Mortes perto de centro de ajuda em Gaza aumentam desespero, diz Unicef

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MANUELA RACHED PEREIRA
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

Com o aumento diário de mortos e feridos nas proximidades de pontos de distribuição de alimentos na Faixa de Gaza, a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) aponta que a GHF (Fundação Humanitária de Gaza), gerida por Israel com suporte dos Estados Unidos, tem piorado uma situação já crítica no território palestino.

Nas últimas semanas, dezenas de pessoas foram vítimas de ataques israelenses perto de locais de entrega de alimentos, segundo autoridades palestinas. Só entre quinta e sexta-feira (20), ao menos 46 pessoas morreram aguardando caminhões de ajuda em um ponto da GHF em Netzarim, no centro da Faixa de Gaza, conforme dados de saúde locais e Defesa Civil. Outras regiões do enclave registraram incidentes similares, conforme a Cruz Vermelha.

A Unicef declarou que a GHF “tem tornado uma situação já desesperadora ainda pior”. Em entrevista, James Elder, porta-voz da organização, relatou ter recebido relatos de mulheres e crianças feridas tentando obter alimentos, incluindo um menino que faleceu após ser atingido por um projétil de tanque.

O Exército israelense afirmou à AFP que seus soldados realizaram “disparos de advertência” contra “suspeitos” próximos em Netzarim, mas negou feridos. Israel também desmente ataques contra civis enquanto anuncia a morte de líderes do Hamas.

A GHF, criada há menos de um mês e operada por um grupo privado israelense com apoio dos EUA, iniciou suas atividades em 26 de maio com apenas quatro pontos e quantidade insuficiente de mantimentos para suprir a escassez de comida e água após quase três meses de bloqueio israelense.

Antes, a ONU coordenava cerca de 400 pontos de distribuição. Em 13 de junho, a ONU classificou o trabalho da GHF como “um fracasso humanitário”.

Jens Laerke, porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, afirmou que a GHF não está cumprindo seu papel de levar ajuda às populações onde elas estão.

A GHF divulgou ter distribuído três milhões de refeições em três locais sem incidentes, segundo comunicado de 18 de junho.

Crise da água em Gaza

A Unicef alertou ainda sobre uma “seca causada pelo homem” que agrava a situação da população local. Apenas 40% das instalações de água potável estão funcionando, colocando em risco a vida das crianças na região.

James Elder reforçou que a quantidade de água disponível está muito abaixo do necessário e que crianças podem morrer de sede.

Além disso, a Unicef informou que internamentos de crianças entre seis meses e cinco anos por desnutrição tiveram aumento de 50% de abril a maio, com cerca de 500 mil pessoas passando fome no enclave.

Violência contra crianças

O relatório anual do secretário-geral da ONU, António Guterres, divulgado em 18 de junho, aponta que a violência contra crianças em zonas de conflito alcançou níveis inéditos em 2024, com crescimento de 25% nas violações graves em relação a 2023, incluindo em Gaza, Haiti, República Democrática do Congo e Colômbia.

O documento registra 41.370 violações graves contra crianças, das quais 36.221 ocorreram em 2024 e 5.149 foram confirmadas este ano, embora tenham acontecido anteriormente.

Este é o maior número desde a criação do mecanismo de monitoramento da ONU, quase 30 anos atrás. Mais de 4.500 crianças foram assassinadas e mais de 7 mil ficaram feridas, suportando o impacto mais severo das hostilidades e bombardeios indiscriminados, conforme a ONU.

Virginia Gamba, representante especial da ONU, destacou que o sofrimento dessas 22.495 crianças inocentes, que em vez de brincar ou estudar, aprenderam a sobreviver a tiros e bombardeios, é um alerta grave e indica que a situação chegou a um ponto crítico.




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