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quinta-feira, 19/06/2025




Manifestação une peronismo após prisão de Cristina Kirchner

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DOUGLAS GAVRAS
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS)

Uma grande multidão se reuniu na praça de Maio cantando “Vamos a volver” (vamos voltar, em espanhol), música que simbolizou o retorno do peronismo ao poder durante a eleição que elegeu Cristina Kirchner como vice-presidente, embora ela não estivesse presente na ocasião.

Em prisão domiciliar, em seu apartamento a cerca de 2,5 km da praça, Cristina participou da manifestação em sua homenagem nesta quarta-feira (18), primeiramente com uma mensagem gravada que foi transmitida por alto-falantes na praça, e depois ao vivo através de uma chamada telefônica.

Este foi seu primeiro discurso desde que a Suprema Corte da Argentina confirmou sua condenação a seis anos de prisão há pouco mais de uma semana. Ela pediu união e organização da militância para enfrentar os verdadeiros desafios do país enquanto cumpre a pena no processo Vialidad.

A manifestação inicialmente foi planejada para ser uma marcha desde a casa de Cristina Kirchner, no bairro Constitución, até os tribunais na avenida Comodoro Py, em Retiro, onde ela deveria se apresentar aos juízes. Porém, a Justiça aceitou o pedido da defesa para que cumprisse a sentença em casa, dispensando sua ida ao tribunal.

Assim, o evento foi reorganizado como um ato em frente à Casa Rosada, sede do Executivo, onde diversas correntes do peronismo e apoiadores de Cristina se encontraram. No discurso, ela também criticou o modelo defendido por Javier Milei, afirmando que está falhando, e convocou seus seguidores a se unirem com mais força.

“Podem me prender, mas não detêm todo o povo argentino. Se achavam que eu havia acabado, deveriam me deixar disputar as eleições regionais de setembro, para deputada na província de Buenos Aires”, afirmou Cristina.

Ela ainda refletiu: “Não sei o que o futuro imediato me reserva, não tenho bola de cristal. Já vivi em uma ditadura que fez desaparecer 30 mil companheiros, vi tentativas de saquear a nação, passei pelo sacrifício do Néstor [seu marido e ex-presidente da Argentina], e também por uma tentativa de assassinato. Portanto, nada me faltou nestes anos, e apesar de tudo, sigo aqui.”

O ato reuniu diferentes setores do peronismo que antes estavam confrontados na oposição a Milei, como o ex-ministro da Economia, Sergio Massa, que perdeu para o libertário nas eleições de 2023, e o ativista Juan Grabois.

Com a confirmação da condenação, Cristina perdeu o direito de se candidatar, a não ser que receba um indulto presidencial. Sem sua participação direta, negociações para formar as listas eleitorais em até um mês devem dominar a agenda, exigindo diálogo entre as diversas alas do peronismo.

Alguns apoiadores mais radicais viram a marcha como uma despedida do protagonismo de Cristina, enquanto outros a consideram um ponto de partida para reconstruir o campo político, com ela liderando esse novo processo.

A prisão de Cristina uniu líderes do peronismo de forma incomum. Surgiu uma proposta de unidade clara para se opor aos libertários, embora com divergências sobre como chegar a esse objetivo.

Mesmo restrita ao seu apartamento e com influência limitada, seu filho Máximo Kirchner e outras lideranças da sua corrente política buscarão manter o kirchnerismo relevante.

O peronismo enfrenta resultados eleitorais negativos e os pleitos na província de Buenos Aires em setembro, assim como as eleições legislativas nacionais em outubro, serão decisivos para avaliar a força política. Os resultados de 2025 serão fundamentais para definir como será formada a oposição a Javier Milei.




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