NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta quarta-feira (18) que a presença de empresas estrangeiras no leilão de blocos exploratórios na bacia da Foz do Amazonas comprova a confiança no governo brasileiro.
A Petrobras tenta há anos perfurar o primeiro poço exploratório em águas profundas nessa região, um processo iniciado ainda na década de 2010 pela britânica BP e depois pela francesa TotalEnergies, que encerraram suas operações na área.
Na terça-feira, após quase uma década sem interesse do mercado, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) concedeu 19 áreas exploratórias na bacia para consórcios formados pela Petrobras em parceria com Exxon, e também Chevron e CNPC.
A CNPC é uma empresa chinesa, enquanto Exxon e Chevron são americanas. Magda ressaltou que “o interesse dessas companhias demonstra a confiança no governo brasileiro e colocar regiões para licitação ali reflete a estabilidade institucional do país”.
Ela destacou ainda que isso indica “solidez, continuidade, responsabilidade e segurança jurídica”, sem comentar as dificuldades enfrentadas no licenciamento ambiental da região.
A Petrobras planeja realizar em julho um simulado da perfuração do primeiro poço, considerado etapa final do processo de licenciamento, que ainda enfrenta resistência da área técnica do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).
A participação expressiva das americanas Exxon e Chevron no leilão é vista pelo mercado como sinal de grande potencial petrolífero da região. Estas empresas atualmente disputam judicialmente uma participação em reservas na Guiana, região geologicamente semelhante e que despertou interesse na Foz do Amazonas.
A Exxon foi responsável pela descoberta dessas reservas. A Chevron tentou adquirir parte da Hess no projeto, mas enfrentou resistência da Exxon, motivo pelo qual o caso está na Justiça.
De acordo com o geólogo Pedro Zalán, da ZAG Consultoria, “se optaram por investir no Brasil mesmo diante das dificuldades para obter licenças, é porque enxergam um bom potencial”.
Ele ressaltou que ambas têm conhecimento da Guiana e veem semelhanças na Foz do Amazonas, o que já era uma expectativa há anos e agora praticamente confirmada.
No leilão, a Chevron, atuando ao lado da chinesa CNPC, foi mais agressiva e pagou ágio de até 1.216% em alguns blocos, chegando a R$ 102,2 milhões em um deles.
A Exxon, aliada à Petrobras, ficou com nove blocos, e a estatal disse em nota que, apesar de não vencer todas as disputas, garantiu as áreas de maior interesse.
Sylvia Anjos, diretora de Exploração e Produção da Petrobras, afirmou que a companhia conseguiu assegurar os blocos prioritários e vê positivamente a parceria com a Exxon pelo conhecimento dela da região da Guiana.
“Se há um local no Brasil onde gostaria de ter parceria com a Exxon, é na margem equatorial”, declarou.
Os planos mínimos de exploração submetidos à ANP indicam investimentos de R$ 1,5 bilhão, focados na análise sísmica, sem previsão imediata de perfuração de poços, segundo fontes.
Em nota, a Chevron declarou que os blocos adquiridos são parte importante do seu portfólio na América do Sul e que atua sempre conforme as leis e regulamentações locais.
“Estamos acompanhando as decisões do governo e aguardando para avançar com nosso plano exploratório. A proteção do meio ambiente e a segurança dos nossos trabalhadores são nossa maior prioridade”, disse a empresa.
Magda ressaltou que a entrada de empresas estrangeiras após o processo de abertura feito pela Petrobras segue um padrão histórico. “A Petrobras abre caminho e as outras empresas seguem. Foi assim na bacia de Campos, no pré-sal e será assim na margem equatorial”.