Índice volta do feriado reagindo a expectativa de juros mais altos nos Estados Unidos; dólar sobe
Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira recua nesta sexta-feira, 22 com investidores acompanhando o clima negativo em Wall Street e reajustando as expectativas após um dia de cenário negativo no feriado.
- Ibovespa: – 2,17%, aos 1121.861 pontos
Em evento ontem, Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, banco central americano) sinalizou uma alta dos juros mais dura no início do ciclo de aperto monetário. Com a declaração, o mercado passou a precificar um aumento de 50 pontos-base já em maio, o que prejudicou ativos mais arriscados.
A declaração derrubou as bolsas americanas na véspera, enquanto, por aqui, o dia foi de mercado fechado devido ao feriado de Tiradentes. Ainda assim o EWZ, principal ETF brasileiro negociado no exterior, caiu 2,63% acompanhando o clima de aversão ao risco no exterior.
No pregão de hoje, o índice brasileiro reflete parte das perdas da véspera, enquanto a tendência negativa nos mercados dos Estados Unidos se mantém. Por lá, os futuros dos principais índices operam em queda.
Dow Jones futuro (EUA): – 0,39%
S&P 500 futuro (EUA): – 0,34%
Nasdaq futuro (EUA): – 0,18%
“O aumento de juros nos EUA afeta todos os mercados e como o Brasil estava com a bolsa fechada no feriado ontem, [o movimento] reflete bastante no nosso mercado”, explicou
O movimento também estressa o dólar, que avança quase 2% contra o real ajustando as perdas após o feriado. Com investidores procurando proteção, a divisa americana ganha força contra outras moedas globais – em especial as emergentes, consideradas mais arriscadas.
- Dólar comercial: + 2,24%, aos R$ 4,724
A alta de hoje pode ser atribuída, ainda, a um movimento de realização após a divisa fechar em forte queda de 1,03% na quarta-feira, véspera de feriado. A moeda encerrou o dia cotada a R$ 4,619, o menor valor da moeda em dois anos.
Destaques de ações
O cenário negativo no exterior também afeta o mercado de commodities, derrubando as ações das maiores empresas da bolsa brasileira. Os papéis de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4), que são as ações de maior peso na carteira teórica do Ibovespa, registram fortes perdas e ajudam a puxar o índice para baixo.
Os papéis da Vale enfrentam o quinto dia consecutivo de perdas, reagindo a novos lockdowns na China que prejudicam as perspectivas de demanda para o minério de ferro, uma vez que o país é o maior consumidor da matéria-prima. No acumulado da semana, as ações da mineradora recuam mais de 9%.
No caso da Petrobras, as cotações acompanham a queda do petróleo, que opera em queda no mercado internacional diante do clima generalizado de aversão a risco.
- Vale (VALE3): – 2,78%
- Petrobras (PETR3): – 3,05%
- Petrobras (PETR4): – 3,18%
Outro destaque da ponta negativa são as ações da Eletrobras (ELET3/ELET6). Na última quarta-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu adiar por 20 dias o julgamento da privatização da companhia – atraso que é visto por investidores como um empecilho para a realização da operação ainda no primeiro semestre. Como a decisão foi tomada após o fechamento do mercado na quarta, os papéis são penalizados hoje.
- Eletrobras (ELET3): – 4,88%
- Eletrobras (ELET6): – 4,47%
Passando ao topo do índice, os poucos papéis que registram alta não chegam a subir mais de 1%. Um deles é a ação da Natura (NTCO3), que no último pregão desabou mais de 15% com rumores de que seu balanço viria mais negativo do que o esperado.
- Natura (NTCO3): + 0,80%
Nesta sexta, a companhia divulgou uma prévia de seu resultado, oferecendo um pouco mais de clareza sobre o que os investidores devem encarar no balanço divulgado em 5 de maio, o que aliviou a pressão sobre as ações. Ainda assim, analistas seguem receosos com o papel.
“O faturamento reportado pela companhia [na prévia] ficou em linha com o que esperávamos, no entanto, a margem Ebitda ficou entre 1,2 e 1,5 p.p mais pressionada em relação a nossas estimativas. Nesses termos, consideramos que o resultado do trimestre foi negativo e, dada a dinâmica atual do cenário macroeconômico e os impactos exercidos pela guerra, principalmente na operação internacional da companhia, não vislumbramos possibilidade de recuperação significativa nos resultados neste semestre”, afirmaram, em nota, analistas da Ativa Investimentos.