O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que a nomeação dos dois novos diretores do Banco Central será realizada apenas em 2026. Os cargos atualmente são ocupados por Diogo Guillen, responsável pela Política Econômica, e Renato Gomes, encarregado da Organização do Sistema Financeiro e Resolução, cujos mandatos terminam em 31 de dezembro.
Essa decisão foi influenciada por tensões entre o Executivo e o Senado após a indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal, além do curto prazo até o final do ano, o que dificultaria os processos políticos necessários para a aprovação dos novos diretores.
Segundo a lei de autonomia do Banco Central, sancionada em 2021, o presidente da República indica os diretores, que devem ser sabatinados e aprovados pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e pelo plenário do Senado Federal. Com o encerramento do ano legislativo previsto para 22 de dezembro, não haveria tempo suficiente para concluir essas etapas caso as indicações fossem feitas ainda em 2025.
Os diretores atuais podem continuar no cargo até que seus sucessores tomem posse, mas ambos optaram por deixar suas posições no final do ano. Eles são os últimos diretores indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Enquanto as posições estiverem vagas, outras autoridades do Banco Central assumirão temporariamente as responsabilidades dessas áreas. Segundo o Banco Central, não haverá comentários adicionais sobre o assunto.
A saída dos diretores antes do início do novo ano legislativo em 2 de fevereiro de 2026 afetará o quórum da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 27 e 28 de janeiro, deixando sete dos nove membros presentes. Situações semelhantes já ocorreram anteriormente, como em maio de 2023, quando o Copom realizou discussões com dois membros a menos.
Em 2025, houve a substituição de três integrantes, com o Copom passando a ter a maioria das nomeações feitas pelo atual presidente, totalizando sete dos nove membros. Esforços têm sido feitos para manter consenso nas decisões da autoridade monetária, mesmo com divergências ocorridas em maio de 2024.
Apesar das mudanças, espera-se que a saída dos diretores não altere a direção da política de juros, já que as decisões recentes foram unânimes. Na reunião mais recente, o Copom manteve a taxa Selic em 15% ao ano, o nível mais alto em quase vinte anos.
O governo ainda estuda os nomes para as indicações, incluindo a possibilidade de transferir o diretor de assuntos internacionais, Paulo Picchetti, para a diretoria de Política Econômica. Ele é amplamente reconhecido por sua expertise na área econômica e tem conexões importantes, como com o ministro Fernando Haddad.
Outros nomes considerados são o professor e membro do Trinity College da Universidade de Cambridge, Tiago Cavalcanti, e o pesquisador do Federal Reserve dos EUA, Thiago Ferreira. Para o cargo deixado por Renato Gomes, avalia-se a indicação de um funcionário de carreira do próprio Banco Central.

