A Defesa Civil de Gaza comunicou que as forças israelenses causaram a morte de 76 pessoas nesta quinta-feira (19), incluindo 21 indivíduos que buscavam auxílio humanitário na Faixa de Gaza, região assolada pela fome e por mais de 20 meses de conflito.
Dez pessoas foram assassinadas nas proximidades de Khan Yunis, no sul, seis das quais aguardavam assistência humanitária, enquanto outras 15 foram vítimas no corredor de Netzarim, situado no centro do território, onde milhares de pessoas se concentram diariamente em busca de alimentos, conforme relatado à AFP pelo porta-voz da Defesa Civil, Mahmud Basal.
De acordo com a mesma fonte, adicionais 51 mortes ocorreram em nove ataques israelenses distintos na Cidade de Gaza e no norte da região palestina, administrada pelo movimento Hamas.
Israel estabeleceu um bloqueio humanitário ao território desde o início de março, provocando uma severa escassez de alimentos, remédios e outros itens essenciais.
A Fundação Humanitária de Gaza (GHF), cujo financiamento é pouco claro, iniciou a distribuição de ajuda no final de maio, porém essas operações têm sido marcadas por cenas caóticas e ataques fatais nas proximidades do centro, onde multidões aguardam as entregas.
Desde então, 397 pessoas foram mortas e mais de 3.000 ficaram feridas tentando alcançar os pontos de distribuição de ajuda, conforme dados recentes do Ministério da Saúde do governo Hamas, números estes reconhecidos como confiáveis pela ONU.
Sobre os eventos em Netzarim, o Exército israelense declarou à AFP que seus soldados efetuaram “disparos de advertência” contra indivíduos considerados suspeitos, sem ocorrência de feridos reportada.
Basam Abu Shaar, um palestino deslocado, contou à AFP que milhares de pessoas se reuniram de madrugada na esperança de coletar alimentos antes da abertura do local administrado pela GHF, apoiada pelos Estados Unidos e Israel.
“Por volta da 1h, começaram os tiros. Os disparos de tanques, aviões e bombas lançadas por drones aumentaram intensamente”, relatou a testemunha por telefone.
Ele descreveu ter visto mortos e feridos caídos perto do centro da GHF, sem conseguir prestar ajuda ou fugir, pois ficou bloqueado entre a multidão.
As vítimas foram encaminhadas aos hospitais Al Awda e Al Aqsa, localizados no norte e centro da região, informou Mohamad al Mughayyir, outro funcionário da Defesa Civil.
Devido às restrições ao trabalho da imprensa impostas por Israel em Gaza e às dificuldades de acesso na área devastada, a AFP não pôde confirmar independentemente os relatos da Defesa Civil.
O conflito em Gaza começou após um ataque do Hamas contra Israel que resultou em 1.219 mortes, conforme dados oficiais israelenses.
Mais de 55.600 pessoas perderam a vida na região palestina desde o início da ofensiva israelense, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
© Agence France-Presse