Os ministros das Relações Exteriores das potências europeias se encontram na sexta-feira (20) em Genebra com seu homólogo iraniano, buscando uma solução diplomática para o conflito entre Israel e a República Islâmica do Irã, conflito no qual os Estados Unidos consideram participar.
No oitavo dia do conflito, sirenes tocaram no sul de Israel em resposta a novos lançamentos de mísseis iranianos. O Exército israelense, por sua vez, relatou ataques noturnos a múltiplos alvos em Teerã, inclusive um centro de pesquisa ligado ao programa nuclear iraniano.
Israel, que não confirma oficialmente ser potência nuclear, iniciou em 13 de junho ataques aéreos no Irã, alegando impedir o avanço iraniano em armamento nuclear. O Irã revidou com ataques de mísseis e drones.
O conflito resultou em pelo menos 224 mortos no Irã e 25 em Israel, inclusive comandantes e cientistas iranianos, além de danificar infraestruturas nucleares do Irã.
Antes da reunião em Genebra, o Irã lançou mais mísseis contra Israel, ferindo duas pessoas segundo emergências.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que dentro de duas semanas decidirá se os EUA entrarão no conflito ao lado de Israel.
Somente os EUA possuem a bomba GBU-57, supostamente capaz de atingir profundamente o centro nuclear iraniano em Fordo, ao sul de Teerã.
Diplomacia em risco
Enquanto os ataques continuam, os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, França e Reino Unido, junto à chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, dialogam com o chanceler iraniano Abbas Araghchi em Genebra.
Araghchi classificou a ofensiva israelense como uma traição ao processo diplomático, destacando que poderiam ter avançado em um acordo com os americanos em 15 de junho.
O Conselho de Segurança da ONU também irá se reunir em sessão especial, solicitada pelo Irã com apoio da Rússia, China e Paquistão.
O presidente francês Emmanuel Macron defende a retomada das negociações e anunciou que França, Alemanha e Reino Unido apresentarão uma proposta diplomática e técnica abrangente aos iranianos.
Araghchi reforça que não negociará com Washington enquanto Israel prosseguir nos ataques.
A Alemanha, França e Reino Unido assinaram em 2015 um acordo nuclear com Irã, Estados Unidos, China e Rússia para garantir características civis ao programa atômico iraniano em troca da suspensão progressiva de sanções.
No entanto, Trump abandonou o acordo em seu primeiro mandato, levando Teerã a enriquecer urânio acima do limite acordado.
Atualmente, o Irã enriquece urânio a 60%, alegando fins civis, longe dos 90% para armamento nuclear.
Possível ajuda internacional
Negociações recentes entre EUA e Irã foram interrompidas pelo ataque israelense.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o presidente Trump aproveitará oportunidades diplomáticas, mas que o Irã estaria próximo de produzir uma arma nuclear em duas semanas.
Estudos indicam que Israel possui cerca de 90 ogivas nucleares, conforme o Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que Israel pode atingir todas as instalações nucleares iranianas, e considera bem-vinda qualquer ajuda.
O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, avisou que uma intervenção dos EUA teria consequências graves.
Conflito afeta civis
Sirenes antiaéreas dispararam em diversos locais de Israel devido a ataques iranianos.
O Reino Unido decidiu nesta sexta-feira retirar seus diplomatas do Irã.
Na quinta-feira, projéteis iranianos atingiram o hospital Soroka, em Beerseba, no sul de Israel, ferindo 40 pessoas e causando destruição em vários quartos, segundo o diretor Shlomi Codish.
O oftalmologista Wasim Hin expressou tristeza com o ataque, enfatizando que o hospital abriga apenas pacientes e profissionais de saúde.
Os ataques geram pânico no Irã, com relatos de escassez de alimentos e bloqueios na internet.
O estudante Mohamad Hasan relatou o medo constante das sirenes e dos ataques, ao retornar ao Paquistão.