Chicago — A farmacêutica Novo Nordisk anunciou nesta sexta-feira (20/6) um estudo que comprova a eficácia de uma dose mais alta do Wegovy. Com 7,2 mg de semaglutida, que é o triplo da dose aprovada no Brasil, essa nova versão da caneta para perda de peso pode acelerar o tratamento da obesidade.
“A força da nova medicação possibilita tratamentos ainda mais eficazes e a melhora da qualidade de vida para mais de 1 milhão de pessoas que enfrentam a obesidade no mundo”, explicou a endocrinologista Paula Pires em entrevista ao Metrópoles.
De acordo com a médica, essa mudança será especialmente importante para pacientes com peso acima de 100 kg, que poderão reduzir seu peso para números de dois dígitos de maneira segura. “A busca por inovações farmacológicas é fundamental para essas pessoas, pois muitas vezes a dose de 2,4 mg do Wegovy não traz resultados significativos”, completou.
Os resultados do estudo clínico de fase 3 STEP UP indicam que, após 72 semanas de tratamento, os voluntários perderam, em média, cerca de 21% do peso corporal. Para um terço deles, a perda de peso atingiu 25%. Esses dados foram apresentados no sábado (21/6) durante o congresso da Associação Americana de Diabetes (ADA), realizado em Chicago, EUA.
A segurança e a tolerabilidade da dose elevada de Wegovy foram semelhantes à dose anterior de 2,4 mg de semaglutida. Conforme Paula Pires, o ajuste à nova dose varia conforme o organismo de cada paciente. “Quando migramos do Ozempic para o Wegovy, também houve surpresa, mas os relatos de efeitos colaterais não aumentaram. É fundamental acompanhar o tratamento cuidadosamente no início”, indicou.
Os efeitos adversos mais frequentes foram sintomas gastrointestinais como náuseas e alterações no trânsito intestinal, geralmente leves a moderados, que diminuíram com o tempo. Contudo, a dose maior exige um pouco mais do paciente: 3,3% dos usuários da dose de 7,2 mg interromperam o tratamento devido a efeitos colaterais, contra 2% na dose menor.
“Nos primeiros usos, náuseas e desconfortos são mais comuns, principalmente pelos hábitos alimentares anteriores. Com a adaptação ao medicamento, as aplicações se tornam mais toleráveis. É esse o esperado”, esclareceu a médica.