SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar e o índice da Bolsa registraram alta nesta terça-feira (1º), com investidores atentos às negociações sobre o projeto de lei referente ao corte de gastos e teto fiscal no Senado dos Estados Unidos, além das discussões internacionais relacionadas às tarifas de exportação impostas pelo governo de Donald Trump.
Em território nacional, o foco está nos acontecimentos recentes acerca do impasse envolvendo o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Às 12h41, o dólar apresentou uma valorização de 0,56%, sendo cotado a R$ 5,464. No mesmo momento, o índice da Bolsa teve um aumento de 0,28%, alcançando 139.255 pontos.
Na segunda-feira (30), a cotação do dólar caiu 0,90%, encerrando o dia a R$ 5,433, o menor valor de fechamento desde 19 de setembro. Desde o início de 2025, a moeda americana acumula uma queda de 12,07%, com um recuo de 5,01% apenas no mês.
Por sua vez, a Bolsa fechou com valorização de 1,45%, atingindo 138.854 pontos, comemorando o quarto mês consecutivo de ganhos — tendo tido desempenho negativo apenas em fevereiro. No primeiro semestre, o avanço acumulado foi de 15,44%, com aumento de 1,33% no mês.
Internacionalmente, Donald Trump declarou que está disposto a adiar o prazo de 4 de julho estabelecido para que os republicanos no Senado aprovassem o projeto de lei sobre impostos e gastos, devido a divergências internas no partido. Ele ressaltou que seria sensato para os republicanos aderirem, e espera aprovação da legislação até o final.
As movimentações do real também foram influenciadas pelos acordos comerciais dos EUA sobre tarifas. No domingo (29), o Canadá anulou seu imposto sobre serviços digitais direcionado a empresas de tecnologia americanas, momentos antes de sua vigência, na tentativa de avançar nas negociações. A Casa Branca afirmou que as conversas serão retomadas imediatamente.
Além disso, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, sugeriu que uma série de acordos comerciais podem ser fechados na semana final antes do término da trégua tarifária em 9 de julho, porém avisou que tarifas mais altas podem ser aplicadas se os países não chegarem a um consenso.
O governo dos EUA informou que Donald Trump pretende se reunir com sua equipe comercial para determinar as tarifas destinadas a cada país em caso de falha nas negociações.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Comércio informou que os gastos com construção diminuíram 0,3% em maio, valor um pouco inferior à previsão de economistas, que estimavam queda de 0,2%.
No Brasil, o mercado financeiro mantém atenção sobre o impasse do aumento do IOF. Na terça-feira passada (24), o Congresso rejeitou os decretos que aumentariam as alíquotas do imposto.
Apesar da resistência dentro do governo e do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu buscar na Justiça a reativação do decreto que eleva o IOF. A Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou ação no Supremo Tribunal Federal (STF), questionando a decisão do Congresso por violar o princípio da separação dos Poderes, segundo o advogado-geral da União, Jorge Messias.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a meta fiscal para 2026 depende da efetivação da medida que aumenta o IOF, da medida provisória que eleva tributos sobre investimentos financeiros, e de um projeto para reduzir R$ 15 bilhões em benefícios tributários. Ele ressaltou que tais ações visam corrigir distorções e fechar brechas no sistema.
No primeiro episódio do videocast semanal da Folha de S.Paulo, C-Level Entrevista, Fernando Haddad já havia informado que o presidente Lula entraria com ação no STF contra a decisão, caso tenha o aval da AGU.
O revés no Congresso representa mais uma derrota para o governo. Haddad mencionou que acreditava ter alcançado um acordo sólido para ajustar as alíquotas do imposto em reunião com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em 8 de junho. Contudo, relatos posteriores mostram surpresa pela mudança de cenário.
A decisão de judicializar o tema é fundamentada na intenção do governo de tributar os mais ricos em benefício dos mais pobres, podendo agravar conflitos com parlamentares de centro e direita, em um ambiente político já complicado para as pautas da gestão petista.
De acordo com dados da pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI) divulgados nesta terça, a atividade industrial brasileira se contraiu em junho, aprofundando a queda. O índice, compilado pela S&P Global, caiu para 48,3 em junho, contra 49,4 em maio, ficando ainda mais abaixo da marca de 50 que indica crescimento, e marcando a pior performance trimestral do setor desde o último trimestre de 2023.
A segunda-feira marcou o encerramento do primeiro semestre de 2025. O mercado cambial no Brasil foi impactado pela disputa pela formação da Ptax de final de mês e trimestre, fator que intensificou a queda do dólar.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve como referência para liquidação de contratos futuros. No fim do mês, agentes financeiros tentam ajustá-la em níveis que favoreçam suas posições, sejam compradas (apostando na alta do dólar) ou vendidas (esperando baixa).
Essa disputa é especialmente acirrada nos finais de trimestre porque a taxa também orienta a conversão de valores em moeda estrangeira nos balanços financeiros de várias empresas no Brasil.