O advogado Paulo Amador Cunha Bueno, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), negou qualquer tentativa de contato com a família do tenente-coronel Mauro Cid para interferir na delação premiada do militar.
Em documento encaminhado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado contestou a versão apresentada por Mauro Cid e solicitou dispensa do depoimento agendado para esta terça-feira, 1º, na Polícia Federal.
No entanto, Moraes ressaltou que não cabe a ele escolher a maneira como o procedimento investigativo deve ocorrer, mantendo o depoimento marcado.
Cunha Bueno será ouvido em um inquérito instaurado por determinação de Moraes para apurar possível obstrução da Justiça. O advogado afirmou que os fatos foram distorcidos por Mauro Cid para proteger seu próprio acordo de colaboração.
Segundo Cunha Bueno, ele não teve contato com familiares do coronel Cid buscando informações sobre o acordo de delação nem sobre troca de defesa.
Na semana passada, em depoimento à PF, Mauro Cid alegou que Cunha Bueno, o ex-assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, e o advogado Eduardo Kuntz, que defende o coronel Marcelo Câmara, entraram em contato com sua esposa, mãe e filha menor para obter dados sobre o acordo e tentar interferir nas investigações.
As acusações surgiram após Eduardo Kuntz entregar ao STF mensagens que alega ter trocado com Mauro Cid através de um perfil falso no Instagram, usadas para solicitar a anulação da colaboração premiada do militar.
Mauro Cid nega ter enviado tais mensagens, afirmando que alguém gravou as conversas sem seu conhecimento e as repassou a Kuntz. Nos diálogos, faz críticas a Moraes, ao delegado Fábio Shor, responsável por investigações sensíveis envolvendo Bolsonaro, e sugere que seu depoimento está sendo deturpado.
Cunha Bueno admitiu ter encontrado a mãe de Mauro Cid na Sociedade Hípica Paulista, mas descreveu o encontro como breve, casual e sem discutir a delação.
Ele disse ainda que ajudou, a pedido de Wajngarten, na inscrição da filha do tenente-coronel em um torneio de hipismo.
O advogado afirmou que o encontro foi cordial e formal, sem tratar de questões relacionadas à delação, que ainda não havia sido homologada.
Por fim, Cunha Bueno pediu sua dispensa do depoimento em respeito aos princípios de economia e celeridade processual, apresentando o esclarecimento dos fatos por escrito para elucidar a questão.