SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar apresentou variações diferentes nesta quarta-feira (18), enquanto investidores analisavam a manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos. O Banco Central do Brasil também deve anunciar sua decisão sobre a Selic ainda hoje, com a divulgação prevista para depois do fechamento do mercado.
Além disso, os operadores monitoram o recente aumento das tensões entre Israel e Irã.
Por volta das 15h24, o dólar mostrava uma leve queda de 0,06%, sendo cotado a R$ 5,492. Já a Bolsa oscilava, com alta de 0,06% atingindo 138.900 pontos.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, manteve os juros entre 4,25% e 4,50% pela quarta vez seguida. A decisão, unânime, era esperada pelo mercado.
Em nota, o Fed indicou que as incertezas econômicas reduziram, mas ainda são significantes, ressaltando que seu foco continua sendo controlar a inflação em torno de 2% e garantir o pleno emprego. “O comitê está atento aos riscos que possam afetar seu mandato duplo”, declarou.
Desde dezembro, o patamar dos juros permanece estável e o Fed observa um cenário econômico incerto. O governo do presidente Donald Trump, que assumiu em janeiro, tem sido a principal fonte dessa incerteza, especialmente após anunciar mudanças nas políticas tarifárias em abril, o que gerou pânico nos mercados.
Um dos maiores desafios para os diretores do Fed é prever como a inflação será afetada pela guerra comercial, já que o aumento dos impostos de importação pode elevar os preços ao consumidor. Caso o impacto seja temporário, o Fed pode não considerar as tarifas nas decisões sobre juros; se for duradouro, a política monetária poderá ser mais rigorosa.
A manutenção das taxas provocou críticas do presidente Trump, que cogita substituir Jerome Powell, presidente do Fed, alegando que ele faz “um trabalho ruim”.
As tensões geopolíticas também aumentaram nesta sexta-feira, quando Israel atacou o Irã, eliminando diversos altos comandantes militares e cientistas nucleares iranianos. Israel afirma controlar o espaço aéreo iraniano e pretende intensificar suas ações.
O número de mortes entre iranianos subiu de 224 para 269, embora a transparência do governo dificulte a confirmação precisa. Do lado israelense, 24 pessoas morreram.
Esse conflito eleva a preocupação dos mercados, que geralmente veem o dólar como um porto seguro em períodos de instabilidade global.
João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos, comenta: “Qualquer nova notícia impacta os ativos de risco, fortalecendo o dólar como investimento seguro”.
Na terça-feira, o presidente Trump afirmou que o líder iraniano, aiatolá Ali Khamenei, é “um alvo fácil” mas que os Estados Unidos não planejavam matá-lo, pelo menos por enquanto, instando o Irã a render-se incondicionalmente.
Segundo Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, o conflito pode se agravar: “Há riscos de ataques mais severos; uma bomba devastadora pode ser usada nos próximos dias, deixando o mundo em alerta”.
O mercado está pessimista pois o confronto ameaça desestabilizar o Oriente Médio, região estratégica para o petróleo. Embora o fornecimento ainda não tenha sido afetado, a ameaça aumenta a tensão.
Jukka Jarvela, chefe de ações da Mandatum Asset Management, reforça: “O principal receio é um possível fechamento do Estreito de Ormuz, o que impactaria imediatamente os preços do petróleo”.
Localmente, a atenção está na decisão do Banco Central brasileiro sobre a Selic, que será anunciada após as 18h. As expectativas estão divididas: enquanto alguns economistas preveem manutenção da taxa em 14,75% ao ano, outros esperam um aumento de 0,25 ponto percentual, elevando para 15%, a maior desde julho de 2006.
Nas semanas recentes, houve grande volatilidade nas projeções da curva de juros. Pesquisa da Bloomberg entre 32 instituições mostra que 12 acreditam em elevação dos juros nesta reunião, enquanto 20 – incluindo Bradesco, XP e Itaú – esperam manutenção.
Independentemente do resultado, o mercado espera unanimidade entre os membros do comitê. Essa expectativa surge após um episódio em maio do ano passado, quando o Copom apresentou um placar controverso, 5 a 4, sobre o ritmo de corte da Selic, gerando dúvidas sobre a credibilidade e autonomia do Banco Central. Desde então, todas as votações do Copom foram unânimes, restaurando a confiança na autoridade monetária.