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sábado, 21/06/2025




Doar sangue pode ajudar sua saúde? Estudo indica que sim

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Uma pesquisa publicada em maio na revista Blood, da Sociedade Americana de Hematologia (ASH), nos Estados Unidos, detectou mutações genéticas possivelmente vantajosas no sangue de indivíduos que doam sangue frequentemente. Essas mudanças, segundo o estudo, poderiam oferecer proteção contra certos tipos de câncer.

De acordo com os autores, ainda faltam estudos acerca das mutações geradas pela produção de novas células para repor as perdidas nas doações, uma vez que os glóbulos vermelhos se renovam normalmente três vezes por ano. A doação impõe um esforço adicional à produção das células sanguíneas, chamada hematopoiese. Em uma condição saudável, as células produzidas são diversas, apresentando diferentes características e funções.

Porém, às vezes ocorre uma falha que resulta na formação de clones — células idênticas entre si — processo conhecido como hematopoiese clonal, mais comum conforme o envelhecimento. Algumas mutações genéticas tornam esses clones propensos a adquirir características malignas, que podem originar células associadas a leucemias, por exemplo.

Pesquisadores do Instituto Francis Crick, no Reino Unido, investigaram a presença de hematopoiese clonal em amostras de sangue de 217 homens que doaram sangue em média três vezes por ano durante 40 anos, totalizando ao menos 100 doações, comparando-os com 212 voluntários que doam esporadicamente ou nunca doaram.

Não foi observada diferença na frequência desse processo entre os grupos; entretanto, divergências foram encontradas nos tipos de mutações em cada grupo: nos doadores frequentes, as alterações podem ser protetoras contra enfermidades como leucemias.

Além disso, os cientistas notaram distintas respostas das células aos estímulos das substâncias naturais eritropoetina e interferon gama. A eritropoetina é um hormônio liberado para aumentar a produção sanguínea após uma doação, enquanto o interferon gama aumenta em situações inflamatórias que podem levar ao câncer.

As células dos doadores regulares criaram mais clones com mutações benignas quando estimuladas com eritropoetina, enquanto as dos doadores esporádicos expostas ao interferon gama tendiam a gerar clones pré-malignos com maior frequência.

Mais pesquisas são necessárias

Ana Carolina Vieira Lima, hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia, destaca a importância de cautela na interpretação dos resultados. “Pode haver algum benefício anticâncer em doadores frequentes, mas ainda não é possível afirmar com certeza”, ressalta.

Ela lembra que o estudo foi conduzido in vitro, ou seja, fora do organismo humano. “O comportamento celular em laboratório pode não refletir o comportamento em corpo vivo”, complementa.

Ana Carolina Vieira Lima alerta ainda para os critérios de elegibilidade para doação, que visam segurança tanto do doador quanto do receptor. “Estimular doações frequentes sem ponderar riscos, como anemia e lesões, pode ser perigoso”, enfatiza.

Além disso, doar sangue visando apenas benefícios pessoais pode colocar pessoas em risco. O doador precisa ser honesto na triagem para garantir segurança para si e para quem receberá o sangue.

Quem pode doar sangue?

Para doar sangue é fundamental estar em bom estado de saúde, ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 50 quilos, e estar bem alimentado e descansado no dia da doação.

Condições temporárias, como gravidez, período pós-parto, amamentação, sintomas de gripe ou resfriado, infecções como dengue, procedimentos recentes (tatuagens, piercings, cirurgias), vacinação recente ou viagens a áreas com doenças endêmicas, podem impedir doações temporariamente.

Impedimentos permanentes incluem diagnóstico de hepatite após 11 anos, doenças transmissíveis pelo sangue como hepatites B e C, HIV, doença de Chagas, ou uso de drogas injetáveis ilícitas.

O intervalo entre doações varia conforme o sexo: homens podem doar a cada 60 dias, até quatro vezes ao ano; mulheres devem esperar 90 dias, com limite de três doações anuais.




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