O aterro sanitário Ouro Verde, situado a aproximadamente 9 km da região administrativa de Brazlândia, não suportou o volume de resíduos depositados e desmoronou na manhã desta quarta-feira (18/06). Essa área recebe resíduos sólidos provenientes de Padre Bernardo-GO e Cristalina-GO, além de resíduos coletados por empresas privadas que utilizam o aterro como local de descarte.
Um vídeo exclusivo obtido pelo Jornal de Brasília mostra o momento exato do deslizamento, que provocou uma grande nuvem de fumaça.
Nas proximidades do aterro, existe um córrego, aumentando os riscos de contaminação ambiental após o desabamento. Testemunhas relataram que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizará uma inspeção no local nesta quinta-feira (19/06).
O aterro funciona há mais de seis anos em uma área de mais de 10 hectares, localizada em uma região de proteção ambiental na encosta de uma chapada. Em 2024, o Ministério Público de Goiás (MPGO) e o Ministério Público Federal (MPF) receberam denúncias relacionadas ao aterro.
As denúncias envolvem vazamento de chorume e contaminação da água e de animais. Na ocasião, a empresa responsável afirmou que não existiam evidências claras que ligassem o aterro a impactos ambientais negativos.
Uma avaliação técnica realizada pelo ICMBio e pela Universidade de Brasília (UnB) revelou que o aterro está causando danos aos recursos hídricos da região de Padre Bernardo, incluindo o Córrego Santa Bárbara.
O relatório do ICMBio também destacou que o aterro está em operação dentro de uma zona de conservação ambiental (Área de Preservação Ambiental – APA do Rio Descoberto), o que pode afetar as reservas de água potável que abastecem Brasília e região. Além disso, os técnicos encontraram resíduos expostos ao ar livre, o que pode contaminar os lençóis freáticos.
Em 2024, o aterro recebia diariamente entre 130 a 150 toneladas de lixo, conforme dados do ICMBio.
Histórico de denúncias
Desde 2016, o MPGO monitora as atividades do aterro. Várias denúncias de irregularidades foram protocoladas na 2ª Promotoria de Justiça de Padre Bernardo, incluindo contaminação de poços artesianos e prejuízos às atividades agrícolas locais.
Em 2018, a Justiça impôs embargo às operações do aterro Ouro Verde devido à falta de licença ambiental, porém o aterro conseguiu manter suas atividades por meio de uma liminar.