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domingo, 22/06/2025




Conflito político cresce por causa da política anti-imigração de Trump

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, construiu sua imagem política baseada na repressão a imigrantes ilegais nos EUA. No entanto, em seu segundo mandato, ele tem elevado as políticas repressoras ao nível máximo. Nas últimas duas semanas, a Califórnia virou palco de um conflito entre governantes democratas, manifestantes, e agentes da Guarda Nacional, enviados por Trump. Além disso, três políticos democratas foram presos defendendo imigrantes.

O caos político relacionado a políticas de deportação de Trump foi intensificado com a crise em Los Angeles, que culminou na briga entre o presidente e o governador do estado, o democrata Gavin Newsom. O presidente chegou a ameaçar prender Newsom.

Nessa quinta-feira (20/6), quando um tribunal de apelações permitiu que Trump mantivesse o controle das tropas da Guarda Nacional que ele enviou para Los Angeles. Em uma decisão anterior, outro juiz havia decidido que a decisão do republicano era inconstitucional.

Essa decisão suspende a anterior feita por um juiz de instância inferior que concluiu que Trump agiu ilegalmente ao acionar os soldados mesmo com a discordância do governador. Essa foi a primeira vez que um presidente enviou a Guarda Nacional sem a permissão do governador desde 1965.

Em sua rede Truth Social, Trump comemorou a decisão. “Grande vitória no Tribunal de Apelações do Nono Circuito sobre o poder central do Presidente de convocar a Guarda Nacional”.

Atacando diretamente o governador da Califórnia, Trump destacou que “os juízes obviamente perceberam que Gavin Newsom é incompetente e mal preparado. Mas isso é muito maior do que Gavin. Por que, em todos os Estados Unidos, se nossas cidades e nosso povo precisam de proteção, somos nós que a oferecemos caso a polícia estadual e local não consiga, por qualquer motivo, realizar o trabalho”.

“Esta é uma grande decisão para o nosso país, e continuaremos a proteger e defender os americanos cumpridores da lei. Parabéns ao Nono Circuito, a América está orgulhosa de vocês esta noite”, concluiu Trump.

Prisões de autoridades democratas

Brad Lander, controlador da cidade de Nova York e candidato a prefeito, foi preso em um tribunal de imigração em Lower Manhattan enquanto tentava escoltar um migrante que os agentes tentavam prender.

Na semana passada, o senador Alex Padilla, democrata da Califórnia, foi retirado à força de uma entrevista coletiva realizada por Kristi Noem, secretária de Segurança Interna, e algemado, apesar de se identificar como senador.

“Assim como eu, o sr. Lander teve a audácia de questionar a legitimidade das ações federais, apenas para se ver algemado, empurrado contra a parede e detido. Se aconteceu conosco à vista de todos, imagine o que está acontecendo em comunidades por todo o país quando as câmeras estão desligadas. Isso deveria servir de alerta para o país”, disse o senador em um comunicado.

No início deste ano, agentes do FBI prenderam uma juíza de Milwaukee sob a acusação de ter protegido um imigrante indocumentado de agentes federais.

Ainda no mês passado, agentes federais prenderam Ras J. Baraka, prefeito de Newark, e posteriormente indiciaram a deputada LaMonica McIver, de Nova Jersey, em conexão com um confronto em frente a um centro de detenção de imigrantes.

O que está acontecendo na Califórnia

Manifestações começaram na sexta-feira (6/6) em Los Angeles e cidades próximas, em resposta à intensificação das ações de imigração promovidas pelo governo federal.

Os protestos resultaram em confrontos com as forças de segurança. Houve episódios de violência e dezenas de pessoas foram detidas durante os atos.

No mesmo dia do início dos protestos, ao menos 44 pessoas foram presas por agentes federais de imigração, aumentando a tensão na região.

As prisões fazem parte de uma campanha nacional de repressão à imigração irregular, promovida pelo presidente Donald Trump, com batidas e deportações em diversos estados.

Trump ordenou o envio de 4,1 mil soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais à cidade, sem o aval do governador da Califórnia, Gavin Newsom.

A medida foi contestada por Newsom, que a classificou como inconstitucional e afirmou que o estado tem capacidade de lidar com os protestos sem ajuda externa. E entrou com uma ação judicial contra o presidente Donald Trump nessa segunda-feira (9/6), contestando a legalidade do envio de dois mil soldados da Guarda Nacional estadual para Los Angeles.

Essa é a primeira vez em décadas que um presidente dos EUA envia tropas da Guarda Nacional a um estado sem a solicitação ou consentimento do governador.

Democratas em meio à repressão

O doutorando em relações internacionais pelo Programa San Tiago Dantas, Emanuel Assis, destaca que a maior surpresa para os republicanos tem sido a força das reação às medidas repressores contra imigrantes do governo trumpista.

“Trump não esperava a forte reação tanto por parte dos próprios manifestantes, que conseguiram aumentar ainda mais a onda de protestos na cidade, quanto por parte das autoridades democratas na Califórnia, especialmente o governador Newsom e a prefeita Karen Bass, que se opõem diretamente a essa intervenção federal e até desafiam Trump a prendê-los por isso”, afirma Assis.

O especialista destaca que o movimento em Los Angeles está causando “um efeito dominó em outros locais, especialmente aqueles com alta presença de imigrantes, pois até agora parece estar ganhando mais força e captando uma onda de apoio pela internet”.

“A verdade é que Trump conseguiu provocar os protestos e sua intervenção tem sido vista como excessiva e autoritária por grande parte dos cidadãos norte-americanos, incluindo alguns de seus apoiadores”, ressalta o especialista.

O espaço aberto para os democratas, pelo governo Trump, com a repressão à imigração, se mostra mais aguçado, segundo ele. “Assim, em nível estadual, pois é nesse espaço que os democratas farão a oposição de fato; é nessa jurisdição (estadual) que eles conseguirão barrar algumas políticas de Trump e aplicar uma agenda que atenda melhor seus interesses”.

“Os governadores democratas, até agora, estão na linha de frente da oposição a Trump, diante de uma minoria no Congresso, ao menos até as eleições intercalares do próximo ano”, reforça Emanuel.

Emanuel explica que a atual tática dos republicanos é ”expor os atos em LA como bárbaros e usar as grandes redes sociais para disseminar essa imagem”.




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