É possível observar ruínas intensas nas cidades de Khuza’a e Abasan al-Kabera, situadas ao sul de Gaza, a partir da comunidade judaica de Nir Oz. Com apenas dois quilômetros de distância, as explosões e os foguetes que atingem os territórios palestinos são claramente audíveis. Esses sons intermitentes soam como alertas constantes de que o conflito, iniciado em outubro de 2023, permanece ativo, afetando diretamente os habitantes locais que vivem afastados dos centros econômicos e políticos de Israel.
Nir Oz é um kibutz composto principalmente por latino-americanos de origem judaica. São homens e mulheres que decidiram deixar o sul da América para morar e trabalhar no sul de Israel. Os kibutzim, o plural de kibutz, têm raízes que remontam ao início do século XX, décadas antes da fundação do Estado de Israel. Um kibutz é uma comunidade agrícola onde um grupo geralmente pequeno, na casa das centenas, vive coletivamente, compartilhando recursos conforme as necessidades de cada família.
Devido à sua proximidade com Gaza, Nir Oz serviu como um ponto de cooperação agrícola entre palestinos e israelenses. Contudo, essa localização tornou o kibutz um dos primeiros alvos do ataque terrorista do grupo Hamas em 7 de outubro de 2023.
Desde então, o cotidiano dos moradores mudou drasticamente. Mais de cem pessoas foram assassinadas ou capturadas, incluindo crianças e bebês. A destruição física permanece visível, com janelas estilhaçadas, portas arrombadas e marcas de explosões indeléveis, acompanhadas do trauma de testemunhar violência e perdas causadas por um conflito do qual não fazem parte.
A cidade de Khuza’a, a mais próxima do kibutz, onde antes viviam cerca de 11 mil palestinos, está praticamente destruída. A prefeitura local lamenta a transformação do município, que antes era cheio de vida, agora reduzido a escombros e fumaça. A infraestrutura, as escolas e os centros de saúde foram devastados, e grande parte da população fugiu devido ao medo dos bombardeios.
Martin Finkelstein, agricultor argentino que reside em Nir Oz há mais de duas décadas, descreve-se como alguém simples e pouco envolvido com política, mas profundamente desejoso pela paz para sua família. Apesar disso, ele reconhece que a resolução do conflito parece distante. Ele deseja poder continuar vivendo em Nir Oz com segurança, sem medo pelo futuro de seus filhos, e reconhece que há pessoas do outro lado que compartilham esse anseio por uma vida normal.
Silvia Cunio, também argentina e mãe de quatro filhos, dois dos quais foram sequestrados pelo Hamas, relembra o terror vivido no kibutz, descrevendo a experiência como um verdadeiro filme de horror. Ela passou anos em Nir Oz antes dos ataques, momento em que sua família e comunidade enfrentaram um ataque brutal e devastador.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que uma ofensiva reforçada em Gaza seria realizada para derrotar o Hamas e resgatar os reféns ainda mantidos. O impacto do conflito em Gaza é enorme, com mais de 46 mil construções destruídas, devastando a vida e as condições de infraestrutura da região.
Após o bloqueio inicial de ajuda humanitária a Gaza, o governo israelense suspendeu essa medida, buscando pressionar o Hamas para a libertação dos reféns, embora isso tenha agravado a crise humanitária local. A área agrícola de Gaza foi amplamente afetada, com a maior parte das terras destruídas ou em condições precárias, comprometendo a produção de alimentos e a sobrevivência da população.
Relatos recentes indicam tragédias continuadas, com pessoas mortas e feridas enquanto aguardavam ajuda humanitária nas áreas afetadas, destacando a persistente gravidade da situação e o sofrimento das comunidades entre Israel e Gaza.