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quarta-feira, 18/06/2025




Como funciona a fabricação de uma arma nuclear

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Como funciona a fabricação de uma arma nuclear

Nos últimos anos, o Irã ampliou significativamente a produção de urânio altamente enriquecido, chegando próximo dos níveis necessários para a confecção de bombas nucleares.

Em 13 de junho, Israel lançou um ataque inédito contra a República Islâmica, alegando que o objetivo era impedir que Teerã desenvolva armas atômicas, acusações que foram negadas pelas autoridades iranianas.

O processo de fabricação de uma arma nuclear

Possuir a matéria-prima não é suficiente; a criação exige diversas etapas complexas.

Enriquecimento

Existem dois métodos principais para conseguir material físsil: usando urânio enriquecido ou plutônio, este último obtido através da queima do urânio.

Embora o urânio seja um mineral comum, mais de 85% da produção mundial é concentrada em seis países: Cazaquistão, Canadá, Austrália, Namíbia, Níger e Rússia, conforme a World Nuclear Association.

Naturalmente, o urânio é composto por 99,3% de urânio-238 e apenas 0,7% de urânio-235, que é o único combustível físsil utilizável para armas.

Inicialmente, a rocha é triturada, extraindo-se o urânio com soluções ácidas. Depois de seco, obtém-se um concentrado sólido chamado “yellow cake” (bolo amarelo), que, ao ser aquecido, torna-se gasoso e pode ser enriquecido.

O enriquecimento consiste em separar o urânio-238, mais pesado, do urânio-235, mais leve, geralmente por centrífugas. São necessárias milhares dessas máquinas grandes e dispendiosas, disponíveis em poucos países.

Segundo o Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional (Isis), o Irã possui cerca de 22 mil centrífugas, embora o acordo nuclear de 2015 (JCPOA) com o P5+1 (Estados Unidos, China, França, Rússia, Reino Unido e Alemanha) limite esse número a aproximadamente 6 mil.

Urânio enriquecido em níveis baixos (3% a 5%) é utilizado em usinas nucleares para gerar eletricidade. Em níveis até 20%, é empregado para produzir isótopos médicos usados no diagnóstico de alguns tipos de câncer.

Quando enriquecido a níveis muito elevados (90%), chama-se “urânio de grau militar”, que pode ser usado para a fabricação de bombas atômicas.

Fissão nuclear

Para ocorrer a explosão, é preciso atingir uma massa crítica suficiente para iniciar uma reação em cadeia.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), são necessários aproximadamente 42 kg de urânio altamente enriquecido. Em tese, o Irã teria reservas para fabricar mais de nove bombas.

Na prática, a montagem envolve projetar um bloco de urânio-235 contra outro usando uma carga explosiva. A ruptura dos átomos gera grande liberação de energia, calor intenso e uma explosão devastadora, acompanhada por contaminação radioativa.

No entanto, as etapas finais do desenvolvimento levam meses para serem dominadas.

No caso de bombas acopladas a mísseis, o desafio tecnológico inclui não apenas o alcance e precisão do projétil, mas também a miniaturização da arma, de modo a acomodá-la numa ogiva robusta e funcional.

Cumpridas todas as etapas, um míssil pode transportar múltiplas ogivas nucleares, capazes de atingir diversos alvos ao mesmo tempo.

A bomba atômica foi usada em agosto de 1945 pelos Estados Unidos nos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, resultando na morte de aproximadamente 214 mil pessoas.

© Agence France-Presse




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