Mais de 540 mil pessoas morrem todos os anos devido ao calor intenso ao redor do mundo, enquanto um em cada 12 hospitais corre risco de ter suas atividades interrompidas por problemas causados pelo clima.
Esses dados fazem parte do relatório “Saúde e Mudanças Climáticas: Implementando o Plano de Ação em Saúde de Belém”, apresentado durante a COP30, em Belém.
O documento, divulgado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), segue o lançamento do Plano de Ação em Saúde de Belém, o primeiro plano internacional voltado exclusivamente para a adaptação da saúde às mudanças climáticas, já adotado por mais de 80 países e instituições.
Segundo Alexandre Padilha, ministro da Saúde, o relatório confirma que as mudanças climáticas afetam diretamente os sistemas de saúde globalmente.
“Mais de 60% da população mundial já sofre os impactos das mudanças climáticas na saúde, com tragédias e crises que afetam unidades de saúde, interrompem atendimentos médicos e prejudicam a vacinação”, destacou ele.
Ele também comentou que, recentemente, em Rio Bonito do Iguaçu (PR), o sistema de saúde foi paralisado devido a desastres climáticos, causando atrasos no acesso a medicamentos e no acompanhamento de dados de saúde.
Desafios
O relatório mostra que atualmente entre 3,3 e 3,6 bilhões de pessoas vivem em regiões altamente vulneráveis às mudanças climáticas, e que os hospitais hoje enfrentam 41% mais risco de danos por eventos climáticos extremos do que em 1990.
Sem uma descarbonização rápida, o número de unidades de saúde em risco pode dobrar até o meio do século, destacando a importância de medidas para proteger a infraestrutura de saúde.
Além disso, o setor da saúde é responsável por cerca de 5% das emissões globais de gases do efeito estufa e precisa avançar na transição para sistemas com menor impacto ambiental e mais resistentes às mudanças climáticas.
O relatório também aponta que apenas uma pequena parte dos planos nacionais considera fatores como renda, gênero e a inclusão de pessoas com deficiência para avaliar os riscos às unidades de saúde.
“Entre os US$ 22 bilhões investidos mundialmente para enfrentar as mudanças climáticas, apenas 6 a 7% são destinados à adaptação dos sistemas de saúde”, ressaltou Alexandre Padilha.
Ele defende que é preciso aumentar os investimentos para reconstruir as unidades de saúde em padrões que resistam a crises como enchentes e tornados, e para melhorar o monitoramento e os sistemas de informação que integrem dados sobre clima e saúde.
Entre 2015 e 2023, o número de países com sistemas de alerta precoce dobrou, alcançando 101 países e cobrindo dois terços da população mundial. Contudo, menos da metade dos países menos desenvolvidos e dos pequenos Estados insulares têm sistemas efetivos.
Propostas
O relatório recomenda que os governos:
- Incluam metas de saúde em seus compromissos climáticos nacionais e planos de adaptação;
- Utilizem os recursos economizados com a descarbonização para financiar a adaptação em saúde e capacitar profissionais;
- Invistam em infraestrutura resiliente, priorizando hospitais e serviços essenciais;
- Empoderem comunidades locais e valorizem seus conhecimentos na criação de respostas que atendam suas necessidades específicas.

