Um aumento significativo em um dos tipos mais raros de câncer tem chamado a atenção dos pesquisadores. Um estudo recente publicado na Annals of Internal Medicine indica que os casos de câncer no apêndice, que normalmente afetam principalmente idosos, têm crescido bastante, especialmente em pessoas nascidas após os anos 1970.
Embora a quantidade de pessoas diagnosticadas com câncer no apêndice ainda seja pequena — apenas algumas por milhão a cada ano — a taxa de incidência subiu de forma expressiva nas gerações mais jovens quando comparada àquelas nascidas na década de 1940.
Quando comparadas as taxas dos nascidos entre 1941 e 1949 com as dos nascidos entre 1976 e 1984, houve um aumento de mais de três vezes, e entre os nascidos entre 1981 e 1989, o aumento foi superior a quatro vezes, conforme a pesquisa que analisou o período de 1975 a 2019.
Especialistas em saúde estão preocupados porque o câncer no apêndice faz parte de uma tendência maior de crescimento em cânceres entre adultos jovens, faixa etária entre 15 e 39 anos, que também apresenta aumento em casos de câncer colorretal, testicular, mamário, ovariano e pancreático.
Essa tendência é global. Um estudo divulgado na revista The Lancet revelou aumento nas taxas de câncer colorretal precoce em 27 entre 50 países analisados.
O desafio futuro para a saúde pública é que esse aumento precoce pode acarretar em um risco maior de câncer ao longo da vida dessas pessoas, o que pode dificultar os avanços já conquistados no tratamento do câncer nas últimas décadas.
Justin Stebbing, cientista biomédico da Universidade Anglia Ruskin, no Reino Unido, destacou que essa mudança tem feito especialistas procurarem explicações para o fenômeno.
Possíveis causas do aumento do câncer entre jovens
Até o momento, ainda não está claro o que causa o aumento do câncer entre os jovens em comparação a décadas anteriores.
Embora fatores de risco como tabagismo, obesidade e dieta sejam reconhecidos, a forma como esses influenciam essa elevação ainda é incerta. Fatores genéticos foram descartados, pois não explicam o aumento em uma faixa etária específica.
Atualmente, acredita-se que pessoas nascidas nos anos 1990 possam ter sido expostas a agentes químicos e ambientais inéditos na geração anterior.
Alguns estudos indicam a exposição a microplásticos e substâncias químicas persistentes, como os PFAS, como possíveis fatores. Outros relacionam o aumento a alterações no microbioma intestinal, uso frequente de antibióticos e mudanças no padrão alimentar, especialmente a adoção da dieta ocidental, caracterizada pelo alto consumo de alimentos ultraprocessados e açúcar, com baixo consumo de frutas, vegetais e fibras.
Essas hipóteses, porém, até agora sugerem apenas associações e não uma relação direta de causa e efeito.
Como prevenir o câncer
Os médicos recomendam foco na prevenção e conscientização, principalmente com relação ao estilo de vida para diminuir os fatores de risco.
- Manter o peso corporal saudável;
- Adotar uma alimentação balanceada com frutas, vegetais e grãos integrais;
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Evitar o consumo de tabaco e álcool;
- Usar protetor solar para reduzir riscos.
Justin Stebbing enfatiza que essas medidas são importantes para reduzir o risco de diversos tipos de câncer.
Além disso, vacinas, como a contra o HPV, também são recomendadas para diminuir o risco de certos tipos de câncer.