GIULIANA MIRANDA
Madri, Espanha (FolhaPress) – A discussão sobre os elevados custos de hospedagem em Belém durante a COP30, a 30ª conferência global do clima da ONU programada entre 10 e 21 de novembro, foi destaque nas Reuniões Climáticas de Junho em Bonn, Alemanha.
Diversos representantes da sociedade civil e negociadores de países confrontaram a organização brasileira da conferência com questionamentos e críticas sobre a acessibilidade das opções de hospedagem.
Em encontro feito pela liderança da COP30 para tratar da logística na capital paraense, o Brasil comunicou o lançamento iminente de uma plataforma oficial de alojamento que inicialmente contará com cerca de 6.000 leitos, sendo que novas vagas serão adicionadas semanalmente.
No total, o pais pretende disponibilizar mais de 29 mil quartos e 55 mil leitos, principalmente em acomodações de aluguel por temporada. Também serão oferecidas duas embarcações de cruzeiro com aproximadamente 3.882 cabines e cerca de 6.000 leitos até o fim de junho.
A organização assegurou que haverá opções de hospedagem com preços em torno de US$ 100 por noite. O secretário extraordinário da COP30, Valter Correia, garantiu que os valores serão justos e acessíveis a todos.
No entanto, persistem dúvidas e críticas, incluindo a oferta limitada de alojamentos individuais, o que poderia forçar os participantes a compartilhar quartos, situação complicada considerando as longas jornadas de trabalho típicas do evento.
Segundo Tasneem Essop, diretora executiva da Climate Action Network International, que representa mais de 1.300 organizações, a questão da hospedagem vai além da logística: é um tema de inclusão social, e preocupações similares já haviam sido levantadas em COPs anteriores.
Correia declarou que a opção por compartilhar quartos não será imposta e que todos os participantes terão garantida a hospedagem.
Além disso, delegados do Chile enfatizaram a importância simbólica de escolher Belém, uma cidade amazônica, como sede da COP, mas alertaram para o risco de redução da participação regional devido às restrições logísticas e custos elevados.
Preocupações não se restringem a países em desenvolvimento, tendo também sido levantadas por representantes da União Europeia.
Conforme divulgado, representantes da própria Secretaria Extraordinária da COP30 enfrentam dificuldades para conseguir hospedagem diante de preços que chegam a R$ 25 mil por diária, cogitando até opções alternativas como base militar.
Durante a reunião, também foram feitos pedidos para políticas de cancelamento flexível, devido à incerteza sobre o número final de credenciados.
Claudio Angelo, coordenador do Observatório do Clima, destacou a importância da resolução das questões logísticas sem que elas se sobressaiam na agenda da COP30, e afirmou que o governo brasileiro deve tomar providências para conter os preços.
Valter Correia refutou a ideia de intervenção no mercado imobiliário, ressaltando esforços para garantir imóveis de qualidade a preços acessíveis e a disponibilização de espaços governamentais como a Vila Líderes, com 405 quartos bem estruturados. Negociações para uso de cabines em navios também estão em andamento.
Além das soluções para hospedagem, o Brasil ampliará as conexões aéreas diretas para Belém vindas de cidades como Lisboa, Fort Lauderdale, Miami, Caiena e Paramaribo, facilitando o transporte até o evento.
Assim como nas edições anteriores da COP, haverá um sistema especial de vistos eletrônicos e isenção de taxas para participantes oficializados, além de acesso gratuito ao Sistema Único de Saúde em casos emergenciais.
A segurança do evento contará com uma operação integrada cobrindo áreas aérea, marítima e cibernética, incluindo a região metropolitana que abriga condomínios, hotéis e pontos turísticos.
A organização confirmou sua experiência em grandes eventos, lembrando que já sediou a Rio-92, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, demonstrando capacidade e conhecimento na gestão de eventos internacionais de grande porte.