O encerramento das sanções da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciado na sexta-feira (12/12) pelo governo dos Estados Unidos, provocou uma forte sensação de decepção entre os apoiadores de Bolsonaro. Muitos ficaram surpresos com a notícia, especialmente depois de terem acreditado nas declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde fevereiro e chegou a afirmar que a retirada das sanções seria uma “grande surpresa”.
Logo após a divulgação feita pelo Departamento do Tesouro norte-americano, o filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi o principal articulador das medidas contra Moraes, expressou seu desapontamento.
“Recebemos com pesar o anúncio da última decisão do governo americano. Agradecemos o apoio que o presidente Trump mostrou durante todo esse processo e a atenção dedicada à grave crise de liberdades que enfrenta o Brasil”, escreveu Eduardo Bolsonaro em comunicado publicado na rede social X.
Além disso, o deputado atribuiu a decisão do governo Trump à “sociedade brasileira” e à falta de união entre os aliados no país. “A ausência de coesão interna e o apoio insuficiente às iniciativas internacionais contribuíram para agravar a situação atual”, declarou.
Fim das sanções contra Moraes
Alexandre de Moraes, ministro do STF, foi incluído na lista de sanções da Lei Magnitsky em 30 de julho deste ano.
O magistrado foi acusado pela administração Trump de usar o Poder Judiciário brasileiro para perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi condenado a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
No entanto, nessa sexta-feira, o Departamento do Tesouro dos EUA revogou as medidas contra Moraes, sua esposa, Viviane Barci, e uma empresa ligada ao ministro.
Segundo o governo americano, a decisão veio após a aprovação do Projeto de Lei da Dosimetria na Câmara dos Deputados. A proposta pode reduzir as penas dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, incluindo Jair Bolsonaro e os líderes que planejaram a tentativa de golpe.
Reações dentro do bolsonarismo
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) classificou a declaração do filho de Bolsonaro como uma “fraude intelectual”.
“Culpar o povo brasileiro ou os parlamentares por uma decisão geopolítica dos Estados Unidos não é apenas um equívoco – é uma fraude intelectual. É uma tentativa conveniente de simplificar um cenário complexo, deslocando injustamente a responsabilidade para aqueles que enfrentam pressões e riscos reais dentro do país”, declarou Nikolas Ferreira.
O blogueiro Paulo Figueiredo, parceiro de Eduardo Bolsonaro nas negociações em Washington desde o início do ano, e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que está foragido pela trama golpista, apenas compartilharam a nota divulgada por Eduardo Bolsonaro.
O líder do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, também comentou o acontecimento. Apesar do recuo americano, ele afirmou que a sanção contra o ministro Alexandre de Moraes “abriu uma oportunidade histórica para o Brasil”.
“A aplicação da Lei Magnitsky pelo presidente Donald Trump criou uma oportunidade histórica para o país. Pela primeira vez, o mundo age de forma concreta contra abusos de quem concentra poder além dos limites constitucionais”, escreveu Sóstenes em rede social.
Flávio Bolsonaro, senador e filho 01 do ex-presidente, também teve uma reação positiva à decisão dos EUA e disse estar “satisfeito” com o fim das sanções contra Moraes.
“O presidente Donald Trump fez um grande gesto de anistia no Brasil! Vamos votar o projeto de anistia na próxima semana no Senado e, se aprovado, acredito que os EUA eliminarão completamente as sobretaxas sobre produtos brasileiros exportados para lá”, afirmou o senador.

