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quinta-feira, 19/06/2025




Banco Central anuncia delegado da PF como novo chefe do Coaf

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CAIO SPECHOTO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Banco Central confirmou a nomeação do delegado da Polícia Federal Ricardo Saadi como o novo presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), com posse agendada para 1º de julho. Ele assumirá o posto de Ricardo Liáo, servidor de carreira da autoridade monetária, que ocupava a função desde agosto de 2019.

Saadi já teve participação como conselheiro no Coaf. Sua carreira na Polícia Federal inclui ampla experiência no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro, áreas diretamente relacionadas ao trabalho do órgão. Atualmente, ele exerce o cargo de diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção na PF.

O Banco Central ressaltou na confirmação da nomeação que a vasta experiência de Saadi será valiosa para fortalecer a missão do Coaf, que envolve a produção de inteligência financeira e a supervisão de setores econômicos para proteger a sociedade contra a lavagem de capitais, o financiamento do terrorismo e a proliferação de armas de destruição em massa.

A escolha enfrentou resistências devido a preocupações levantadas por membros do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), que receavam uma influência excessiva da Polícia Federal no órgão. Argumentos contrários indicavam o risco de uso indevido das informações do Coaf para investigações políticas, uma preocupação ligada à corporação e não especificamente a Saadi.

Em determinado momento, parecia que Saadi não seria nomeado devido a essas oposições, mas ele recebeu sinais de que ainda havia possibilidade de assunção ao cargo. Seus apoiadores defendem melhorias no funcionamento do Coaf para aprimorar o uso de dados relacionados a organizações criminosas, algo que tem pressionado o governo federal. Além disso, garantem que qualquer suspeita envolvendo políticos será tratada conforme a legislação vigente.

Entre as principais atribuições do Coaf está a produção de relatórios de inteligência financeira que embasam investigações da Polícia Federal ao identificar movimentações bancárias incomuns. Atualmente, o órgão está subordinado ao Banco Central, cujo presidente desde janeiro é Gabriel Galípolo. A nomeação é realizada pelo chefe da autoridade monetária, considerando também o apoio e resistências em diferentes setores.

Após o primeiro turno das eleições municipais de 2024, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, criticou o Coaf, alegando que o órgão teria deixado de comunicar transações suspeitas relacionadas à compra de votos no valor de R$ 50 milhões. O Coaf respondeu afirmando que trabalhou em conjunto com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Saadi já foi responsável pela Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro entre abril de 2018 e agosto de 2019, quando foi afastado sob pressão do então presidente da República, Jair Bolsonaro, do PL. Naquela ocasião, Bolsonaro justificou a substituição alegando problemas de desempenho. O então ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou que houve uma ordem direta para a saída de Saadi desse cargo.




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