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domingo, 13/07/2025

Onças-pardas em áreas rurais do DF: como proteger animais e propriedades

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Pegadas diferentes no chão, nervosismo entre os cavalos e um som estranho parecido com um ronronar chamaram a atenção da aposentada e bióloga Sandra Gorayeb, residente no Núcleo Rural Córrego do Palha, Lago Norte. Com sua experiência na zona rural, ela suspeitou que esses sinais indicavam a presença de um animal selvagem por perto — o que foi confirmado depois com a observação de uma onça-parda adulta junto a dois filhotes na área.

Preocupada com a segurança dos seus cavalos e de sua terra, Sandra aplicou várias recomendações dadas pelo Instituto Brasília Ambiental, órgão ligado à Secretaria do Meio Ambiente (Sema-DF), para manter os felinos afastados. Entre as estratégias usadas estão a colocação de cercas elétricas, luzes acionadas por movimento, dispositivos sonoros, sacos de ração vazios pendurados nas cercas e até luzinhas piscando em pontos chave.

“Os cavalos ficaram nervosos, e as araras desapareceram. Comecei a escutar sons na mata e pensei que fosse uma capivara. Depois, soube que era uma onça de verdade”, contou Sandra. “Desde 1980 moramos aqui e nunca tinha visto rastros assim. Tive que reforçar a cerca e colocar arame farpado nas árvores porque a onça salta até quatro metros e sobe facilmente.”

Segundo Marina Motta, agente da Unidade de Conservação do Brasília Ambiental, as precauções adotadas por Sandra são eficazes para evitar ataques não só de onças-pardas, mas também de outros animais selvagens, como quatis e cachorros-do-mato, comuns em áreas rurais próximas a reservas naturais.

“As onças são caçadoras de emboscada e seus sinais são quase imperceptíveis. Por isso, monitorar e prevenir é fundamental, especialmente durante a noite”, explicou Marina. Ela ressaltou que o Núcleo Rural fica numa área de ligação entre fragmentos importantes do cerrado e que a presença desses animais é normal.

Para melhorar o acompanhamento, o instituto instalou três câmeras com sensores de movimento que funcionam 24 horas por dia. As imagens são revisadas semanalmente para registrar a atividade da onça-parda e seus filhotes. “Estamos observando seus movimentos para entender o comportamento da espécie e diminuir possíveis conflitos com moradores locais”, disse.

A agente ambiental enfatiza que as onças representam pouco perigo para pessoas e não devem ser caçadas nem perseguidas. Caçar é crime ambiental conforme o artigo 29 da Lei nº 9.605, sujeito a prisão de seis meses a um ano e aplicação de multa.

“Animais selvagens desempenham funções vitais no meio ambiente, como dispersar sementes e proteger nascentes de água. Cada espécie tem seu papel ecológico único. Portanto, é essencial aprender a viver em harmonia com esses animais”, concluiu Marina Motta.

Orientações do Brasília Ambiental para evitar ataques de animais selvagens em áreas rurais:

  • Colocar cercas elétricas ao redor da propriedade ou dos currais;
  • Usar luzes com sensor de movimento, pisca-piscas ou refletores em locais estratégicos;
  • Pendurar objetos que façam barulho com o vento, como sacos vazios ou garrafas;
  • Criar barreiras físicas em árvores próximas, como arame farpado;
  • Evitar deixar restos de comida ou ração espalhados que possam atrair predadores;
  • Manter os animais de criação protegidos durante a noite sempre que puder;
  • Em caso de avistamento, informar o Instituto Brasília Ambiental.

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