Nathalia Garcia
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu hoje (18) pelo avanço no ciclo de aumento da taxa básica de juros, com elevação moderada de 0,25 ponto percentual, elevando a Selic de 14,75% para 15% ao ano. A decisão foi tomada por unanimidade.
No comunicado oficial, o colegiado indicou que deve interromper temporariamente o ciclo de aumento para avaliar os efeitos acumulados das elevações já realizadas.
Com esse ajuste, a Selic alcançou o nível mais alto desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano. Naquele período, entretanto, os juros estavam em queda após o pico de 19,75% ao ano, ocorrido em 2005 durante o escândalo do mensalão.
Esse ciclo de alta foi iniciado em setembro do ano passado, ainda sob a gestão de Roberto Campos Neto. Desde então, foram sete aumentos consecutivos, totalizando um acréscimo de 4,5 pontos percentuais, partindo de 10,50% ao ano.
Antes da reunião, o mercado financeiro estava dividido: pesquisa da Bloomberg com 32 instituições revelou que 20 esperavam a manutenção da Selic em 14,75%, enquanto 12 apostavam no aumento para 15%.
No encontro anterior, em maio, o Copom optou por manter uma postura flexível e cautelosa diante das incertezas, principalmente em relação a fatores externos.
Desafiam a condução dos bancos centrais o agravamento do conflito no Oriente Médio e os impactos ainda incertos da guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos. Mais cedo, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, manteve suas taxas entre 4,25% e 4,50% ao ano pela quarta reunião consecutiva.
No cenário interno, a questão fiscal segue sendo motivo de preocupação, enquanto as projeções para a inflação no longo prazo permanecem acima da meta do Banco Central, que é centralizada em 3%, com intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%.
Considerando os efeitos defasados da política de juros, o BC agora foca na inflação projetada para o final de 2026, conforme seu sistema de avaliação contínua.
De acordo com o boletim Focus mais recente, os especialistas estimam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) encerrará 2026 no limite máximo da meta, com 4,5%. Para 2027, a mediana das projeções manteve-se em 4% pela décima sétima semana consecutiva.
O Copom, composto majoritariamente por membros indicados pelo presidente Lula — sete dos nove integrantes —, se reunirá novamente nos dias 29 e 30 de julho para avaliar possíveis novas medidas.