Javier Milei e Donald Trump se encontram em Nova York nesta terça-feira (23/9) para discutir um possível apoio financeiro dos Estados Unidos, visando conter a desvalorização do peso argentino e evitar um calote da dívida do país. A possibilidade de um suporte financeiro tranquilizou os mercados e aliviou a pressão sobre o Banco Central da Argentina, que vinha reduzindo suas reservas significativamente.
Recentemente, o governo argentino anunciou a suspensão temporária do imposto sobre a exportação de grãos, cereais e carnes para estimular a entrada de divisas estrangeiras. Entretanto, permanece a dúvida sobre se essa medida será suficiente para estabilizar o peso antes das eleições legislativas marcadas para 26 de outubro.
O foco dos mercados está nas definições sobre o socorro financeiro dos EUA, enquanto a oposição questiona as possíveis condições que o país pode ter que cumprir em troca dessa ajuda. Diferentemente de ocasiões anteriores, o apoio não vem do Fundo Monetário Internacional, mas diretamente do Tesouro dos EUA, o que não acontecia desde 2002.
Milei encontrará a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, após seu encontro com Trump. Ele deverá justificar a falta de acumulação de reservas no Banco Central durante o primeiro semestre, apesar das receitas das exportações agrícolas. Eventuais ajustes no programa econômico devem ocorrer apenas após as eleições.
Em 2024, a Argentina tem vencimentos de dívida significativos, totalizando US$ 8,5 bilhões. A expectativa é que o apoio norte-americano gire em torno de US$ 10 bilhões para evitar o risco de calote em sua economia ainda fragilizada.
Urgência Econômica
Recentemente, o Banco Central vendeu mais de US$ 1 bilhão para conter o avanço do dólar, um montante alto para a economia local. O governo também eliminou temporariamente o imposto sobre exportações agrícolas, que representa uma parcela substancial da arrecadação estatal, numa tentativa desesperada de garantir dólares para conter a crise cambial.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que a Argentina é um aliado importante e que o Departamento do Tesouro está disposto a apoiar o país, inclusive por meio de operações como troca de moedas, compra direta de divisas ou aquisição de títulos argentinos em dólares.
Reação dos Mercados
Após o anúncio do apoio e das medidas adotadas, o dólar recuou ante o peso e a Bolsa de Buenos Aires teve alta significativa. A taxa de risco-país caiu expressivamente. Contudo, a suspensão do imposto sobre exportações compromete o superávit fiscal do governo, gerando desafios adicionais para o equilíbrio das contas públicas.
Contexto Econômico
A Argentina enfrenta uma grave crise econômica que se intensificou após a derrota eleitoral de Milei em Buenos Aires, refletindo o descontentamento social com o ajuste fiscal implementado. O empréstimo do FMI não foi suficiente para sustentar a moeda, que permanece vulnerável.
Para conter a inflação alta e a desvalorização do peso, o Banco Central vem esgotando reservas e elevando juros, o que tem paralisado o crescimento econômico e levado o país à beira da recessão. A necessidade de empréstimos adicionais evidencia a fragilidade do atual plano econômico, que depende da sobrevivência política até as eleições de outubro.