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segunda-feira, 14/07/2025

56% dos que conhecem IA temem perder emprego, diz Datafolha

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PEDRO S. TEIXEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Segundo uma pesquisa recente do Datafolha, 86% dos brasileiros já conhecem a inteligência artificial (IA). Entre essas pessoas, 56% demonstram receio de que sua profissão possa desaparecer devido ao avanço dessa tecnologia.

Essa preocupação está relacionada à IA generativa, como o ChatGPT e o Gemini do Google, capazes de criar textos, áudios, imagens, vídeos e códigos a partir de comandos de texto.

Apenas 16% da população se sentem mal informados sobre IA, e, desse grupo, 61% temem pela extinção de suas áreas de atuação. Entre os 29% que se consideram bem informados, esse medo é de 50%.

O temor é menor entre quem possui ensino superior, onde 48% relatam algum receio, comparado aos 59% do ensino médio e 61% do ensino fundamental.

Pesquisadores acreditam que a extinção total de profissões será rara. O professor Rafael Grohmann, da Universidade de Toronto, explica que parte das tarefas será automatizada, enquanto outras continuarão com as pessoas, num processo chamado “heteromação”.

Por exemplo, em logística urbana, drones realizam entregas parciais, mas a supervisão humana continua necessária, mesmo que em condições mais precárias.

Para o professor Luís Guedes, da FIA Business School, a IA provocará uma transformação no mercado de trabalho, com o aparecimento de novas carreiras, e não seu desaparecimento. As funções que requerem habilidades intelectuais e sociais permanecerão mais valorizadas.

Usos e percepção da IA no Brasil

O levantamento do Datafolha foi realizado em junho com 2.004 entrevistas em 136 municípios brasileiros, tendo margem de erro de dois pontos percentuais.

A parcela que conhece IA subiu de 60% para 86% desde o ano passado, mas 55% nunca usaram ferramentas de IA generativa.

O uso da IA cresce conforme o nível de escolaridade: 16% dos com ensino fundamental, 41% com médio e 70% dos graduados já utilizaram a tecnologia.

As aplicações mais citadas são buscas na internet (21%) e uso profissional (17%), seguidas pelos estudos (13%).

Guedes alerta que resistência à IA pode dificultar a competitividade, especialmente para os que não têm diploma universitário, pois tarefas repetitivas são as primeiras a serem automatizadas.

Ele destaca a preocupação com a capacidade de requalificação da força de trabalho frente às rápidas mudanças tecnológicas, mas salienta os avanços que a IA pode promover em saúde, educação e meio ambiente.

Grohmann adiciona que o domínio dessa tecnologia fornece vantagem competitiva, e o acesso desigual tende a aumentar as disparidades sociais.

O uso da IA é maior entre jovens: 64% dos de 16 a 24 anos e 58% dos de 25 a 34 já usam essas ferramentas, enquanto apenas 21% dos com mais de 60 anos a utilizam.

Finalmente, apenas 36% esperam que a IA traga mais benefícios do que prejuízos, enquanto 38% acreditam que haverá mais danos, 23% acham que não trará impacto pessoal e 4% não souberam responder.

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