A Ucrânia decidiu renunciar ao seu objetivo de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para obter garantias de segurança, em um esforço para encerrar o conflito com a Rússia, declarou o presidente Volodymyr Zelensky neste domingo (14/12).
Zelensky comunicou essa decisão durante sua viagem a Berlim, capital da Alemanha, onde iniciou conversas com o enviado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Steve Witkoff, buscando um acordo de paz para seu país.
Essa mudança representa um giro importante na postura da Ucrânia, que havia incorporado a adesão à Otan em sua constituição como forma de proteção contra agressões russas. Essa decisão também contempla um dos pedidos de Moscou, embora até então Kiev tenha resistido a ceder territórios à Rússia.
Zelensky se reuniu com os enviados americanos em negociações conduzidas pelo chanceler alemão Friedrich Merz. Líderes europeus adicionais estavam previstos para juntar-se às discussões na segunda-feira (15/12).
Nos encontros recentes, os Estados Unidos propuseram a criação de uma “zona econômica livre” no leste da Ucrânia, caso Kiev aceitasse ceder a região de Donetsk. As negociações seguem concentradas em temas centrais, tais como a cessão de territórios, garantias de proteção e a utilização dos bens russos congelados para a reconstrução do país.
Antes do início das conversações, o presidente Zelensky destacou que as garantias de segurança fornecidas pelos EUA, Europa e outros aliados, em substituição à adesão à Otan, representam um compromisso importante para seu país.
“Desde o começo, a Ucrânia desejou ingressar na Otan por ser uma garantia real de proteção. Alguns parceiros dos EUA e da Europa não apoiaram essa direção”, informou o presidente. Ele mencionou que garantias bilaterais comparáveis ao “Artigo 5” da Otan por parte dos EUA e de outros países, como Canadá e Japão, oferecem uma forma de prevenir novas invasões russas.
O “Artigo 5” da Otan considera qualquer ataque armado contra um membro como um ataque a todos, possibilitando uma defesa coletiva.
O presidente Vladimir Putin tem exigido repetidamente que a Ucrânia abdique oficialmente do desejo de ingressar na Otan e retire tropas das áreas ainda controladas em Donbas. A Rússia também quer que a Ucrânia se mantenha neutra, sem presença de tropas da aliança no seu território.
Fontes russas revelaram que Putin busca uma promessa formal das potências ocidentais para não expandir a Otan para o leste, excluindo países como Ucrânia, Geórgia e Moldávia.
Pressionado por Trump para fechar um acordo de paz que inicialmente apoiava as condições russas, Zelensky acusou a Rússia de manter o conflito por meio de bombardeios contra cidades ucranianas e ataques a infraestruturas de energia e água.
O enviado Steve Witkoff ressaltou avanços importantes nas negociações. Reino Unido, França e Alemanha colaboram para aprimorar as propostas americanas, que incluem limites para o número de militares nas forças armadas da Ucrânia.
