O viaduto que ligará o Sudoeste ao Parque da Cidade evidencia a maneira como o Poder Público pensa os projetos sem levar em conta a Política Nacional de Mobilidade Urbana, isto é, garantindo a mobilidade de pedestres e ciclistas em primeiro lugar. O elevado promete aliviar o trânsito de veículos motorizados da Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), por exemplo, mas não conta com via exclusiva para quem pedala e prejudicaria a continuidade de uma ciclovia que ligasse a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) ao Eixo Monumental. A obra foi orçado em R$ 20,6 milhões — o Executivo arcará com R$ 3,7 milhões e o restante virá da Caixa Econômica Federal. O processo está em licitação e deve terminar em 2016.
O projeto faz parte do conjunto de alterações do chamado Corredor Oeste, que liga Samambaia, Ceilândia, Taguatinga e Guará ao Eixo Monumental. O presidente do Instituto de Segurança no Trânsito (IST), David Duarte Lima, critica o viaduto da Epig por não ter sido pensado também do ponto de vista de quem pedala. “É inútil o governo tentar melhorar a mobilidade dos carros sem mudar a cultura do brasiliense e elevar a qualidade e o uso do transporte público. Onde estão o transporte público de qualidade e outras obras de mobilidade?”, questiona. Presidente da Organização Não Governamental (ONG) Rodas da Paz, Renata Florentino concorda. “Se conseguirmos a implementação das ciclovias na EPTG, ela ficará sem continuidade ao chegar na Epig. A obra (da Epig) terá que incluir uma ciclovia e vai ficar mais cara”, aponta.