Estudo entra em fase avançada e começará a realizar testes clínicos em humanos
São Paulo – Após diversas pesquisas e análises, a vacina contra o vírus HIV, causador da Aids, finalmente entrará na fase de testes clínicos com seres humanos – etapa que é considerada avançada. O Brasil está entre os países escolhidos para conduzir o estudo, e os testes devem iniciar no fim deste ano. A iniciativa é parte do estudo Mosaico, idealizado por Susan Buchbinde, que tem como objetivo encontrar uma vacina para o vírus.
O teste consiste em um processo de quatro doses da vacina, que foi projetada para proteger o organismo humano contra os mais diversos formatos do vírus HIV presente em todo o mundo. As doses serão injetadas em homens que realizam atividades sexuais com homens cisgêneros e homens ou mulheres transexuais.
Diretora do programa Bridge HIV do Departamento de Saúde Pública de São Francisco e presidente do estudo para a criação da vacina contra o HIV, Buchbinde disse para a organização britânica Nam Aids Map que a pesquisa procura atender a pacientes do mundo inteiro. “Nosso compromisso é o de garantir que os resultados dos testes da vacina contra o HIV sejam aplicados para populações de diversos países”, segundo Buchbinde.
No período de um ano, cerca de 3.800 indivíduos entre 18 e 60 anos participantes do estudo receberão quatro doses da vacina. Oito países participarão dos testes clínicos, como Brasil, Argentina, Peru, Estados Unidos, Itália e Peru.
A vacina utiliza um vetor de adenovírus, que é similar ao vírus causador da gripe, para produzir antígenos estimulantes da imunidade do corpo humano e duas proteínas solúveis – Mosaic e Clade C – com fosfato de alumínio adjuvante. Os antígenos são utilizados nas doses 1 e 2 e as proteínas nas doses 3 e 4.
As inscrições para participar do estudo clínico devem começar em setembro, e é necessário estar “em risco avançado” para a doença para ser elegível. A organização divulgou uma série de outros critérios e, entre eles, está escrito que o candidato precisa ter realizado sexo sem preservativo em uma relação casual, com um parceiro que tenha HIV negativo ou positivo em terapia anti-retroviral. Ter o diagnóstico de gonorréia, clamídia retal/uretral ou sífilis e ter usado cocaína ou anfetamina como estimulantes também fazem parte dos critérios.
Para que fosse possível que o estudo chegasse aos testes clínicos, cientistas realizaram testes em macacos por mais de uma década. Recentemente, os pesquisadores descobriram como “enfraquecer” a vacina para que ela fosse injetada no organismo humano, a partir de vacinas experimentais contra o SIV – doença similar ao HIV, mas presente em macacos.