BEIRUTE — Em meio a uma série de bombardeios na Síria desde domingo, em que mais de 300 pessoas morreram na área rural do distrito de Ghouta, no subúrbio de Damasco, um vídeo mostra o momento da despedida de um pai abraçado ao corpo de seu filho. Nos arredores da capital, o homem se preparava para enterrar a criança no cemitério coletivo.
O conteúdo das imagens, divulgadas pelo grupo oposicionista Ghouta Media Center nesta quarta-feira, foi confirmado pela agência de notícias “Associated Press”. A criança foi morta durante ataques aéreos e bombardeios realizados pelas forças do governo do presidente Bashar Assad, respaldadas pela Rússia, que estão decididas a recuperar o controle do território controlado por grupos jihadistas.
“Então nos despedimos de nossos filhos… Dos mártires do massacre”, registrou a página dos ativistas no Facebook. Internautas reagiram ao vídeo com lamentos e pedidos de orações.
A realidade desse pai, cuja identidade não foi informada, é compartilhada por outros tantos que perderam seus filhos durante a guerra. O homem pegou o corpo do menino, que estava na parte de trás de uma camionete, para abraçá-lo pela última vez. A cena foi gravada por moradores da região.
ONU planeja trégua
O Conselho de Segurança da ONU deve votar nesta quinta-feira um projeto de resolução que pede um cessar-fogo de 30 dias em Ghouta para permitir a entrada de ajuda humanitária e evacuações médicas, informaram diplomatas.
Suécia e Kuwait, que fizeram a proposta, solicitaram uma votação “o quanto antes possível”, informou a missão de Estocolmo, acrescentando que a mesma se realizará provavelmente na quinta-feira.
A Rússia havia proposto discutir a violência que atinge o enclave rebelde da Ghouta Oriental na Síria, anunciou mais cedo nesta quarta-feira o embaixador russo, Vassily Nebenzia.
Uma reunião aberta permitiria a todas as partes “apresentar sua visão, seu entendimento sobre a situação e propor formas de sair deste cenário”, disse o diplomata ao Conselho.
A embaixadora americana, Nikki Haley, reagiu afirmando que “é simplesmente ridículo afirmar que estes ataques a civis tenham algo a ver com o combate ao terrorismo”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu um cessar-fogo imediato.
— Meu pedido aos envolvidos é a suspensão imediata de todas as atividades de guerra na Ghouta Oriental, permitindo que a ajuda humanitária chegue aos que a necessitam — declarou Guterres ao Conselho de Segurança. — Esta é uma tragédia humana que ocorre diante de nossos olhos e acho que não podemos deixar passar as coisas deste modo horrendo — acrescentou.