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sábado, 21/06/2025




Trump intensifica restrições a estudantes chineses nos EUA

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RENAN MARRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A recente estratégia de Donald Trump contra estudantes estrangeiros nos Estados Unidos tem como principal alvo a China, acelerando uma tendência iniciada no primeiro mandato do ex-presidente. Desde o ano letivo 2019-2020, ao contrário de outras nacionalidades, o número de alunos chineses em instituições americanas vem diminuindo, indicando um afastamento sem precedentes.

Esse declínio prejudica o intercâmbio acadêmico e cultural que, desde a normalização das relações entre Washington e Pequim na década de 1970, promoveu maior entendimento entre os países. A reaproximação iniciada com a visita do presidente Richard Nixon à China em 1972 e o envio dos primeiros estudantes chineses para os EUA contribuíram para esse diálogo.

Ao longo dos anos, os estudantes chineses mantiveram uma participação significativa no sistema educacional dos EUA. No ano letivo 2023-2024, um em cada quatro estudantes estrangeiros no país era chinês, totalizando 277.398 alunos, segundo o Instituto de Educação Internacional, ficando atrás apenas da Índia. Ainda assim, esse número representa uma queda de 34,2% em relação ao pico de 2019-2020.

Enquanto outros países retomarão os níveis pré-pandemia, a quantidade de estudantes indianos aumentou significativamente, alcançando 331.602 em 2023-2024, um crescimento de 71,7 desde 2019-2020.

A redução do número de alunos chineses está diretamente ligada às ações de Trump, que desde 2018 considerava restringir vistos estudantis para cidadãos chineses devido a suspeitas de espionagem. No segundo mandato, ele ampliou essas restrições, vetando novos estudantes admitidos em universidades como Harvard por suposta coleta indevida de informações, medida que foi temporariamente suspensa pela justiça.

Embora o foco seja a China, as medidas criaram incerteza geral, com a demanda por instituições americanas caindo para o menor nível desde o auge da pandemia, enquanto países concorrentes como Reino Unido e Austrália têm atraído mais estudantes.

Em conjunto, China e Índia representaram mais da metade dos estudantes estrangeiros nos EUA em 2023-2024. A Coreia do Sul ocupa a terceira posição, seguida por Canadá, Taiwan e Brasil, sendo este último o país latino-americano com mais estudantes no país, com 16.877 inscritos.

Estudantes internacionais em geral pagam integralmente suas mensalidades, sustentando bolsas para estudantes americanos de baixa renda. Especialistas alertam que as restrições impactarão significativamente a economia, já que em 2023-2024 estes alunos geraram US$ 44 bilhões e ajudaram a criar 378 mil empregos nos EUA. Os estudantes chineses contribuíram com US$ 14,3 bilhões, enquanto os indianos, com US$ 11,8 bilhões. O impacto dos alunos brasileiros foi estimado em US$ 973 milhões.

Além disso, as restrições afetam o mercado de trabalho e a inovação, pois mais da metade das startups americanas foram fundadas por imigrantes, e um quarto delas tem fundador que chegou como estudante internacional.

Fanta Aw, diretora-executiva da Nafsa, alerta que a falta de ação pode levar à perda de talentos, inovação, pesquisa e dinamismo econômico gerados pelos estudantes estrangeiros.

O número total de alunos estrangeiros matriculados em instituições americanas atingiu 1,1 milhão em 2023-2024, correspondendo a cerca de 6% do total de estudantes.




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