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sexta-feira, 20/06/2025




Trump afrouxa fiscalização de imigrantes no Mundial, mas apreensão permanece em jogos

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Bruno Braz
Rio de Janeiro, RJ (UOL/FOLHAPRESS)

Um homem de cerca de 30 anos usando a camisa indicando que fazia parte de uma torcida de Nova York ligada a um clube brasileiro participante do Mundial de Clubes foi abordado no MetLife Stadium para falar sobre a política de imigração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Sua resposta foi rápida e direta: “não quero falar sobre isso”.

Depois, ao relatar o episódio para outro torcedor desse grupo, ouviu a resposta imediata: “Sei por que ele não quis falar com você. Ele está ilegal”.

Na quarta-feira passada, a reportagem esteve no Lincoln Financial Field, na Filadélfia, durante o confronto entre Manchester City e Wydad Casablanca. Ao abordar torcedores marroquinos com a mesma pergunta, um deles rapidamente cobriu a câmera e respondeu: “Politics no (não à política)”.

Essas situações mostram dois fatos importantes: primeiro, Trump optou por flexibilizar as operações contra imigrantes sem documentação nos estádios até o momento no Mundial. Segundo, apesar da ausência dos agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) nas entradas, a sensação de medo continua presente.

Medo levou torcedores a vender seus ingressos

Existe um consenso entre brasileiros residentes nos EUA de que havia muito receio diante da possibilidade de agentes de imigração entrarem nos estádios para realizar fiscalizações. Por precaução, alguns optaram por vender seus ingressos.

“Muita gente local está vendendo ingressos por medo de ir nesses locais”, afirma Claiton Vieira, torcedor do Flamengo, em entrevista na véspera da estreia do Mundial.

Mesmo com o início da competição sem problemas relacionados, há dúvidas sobre o uso do futebol — um esporte tradicionalmente latino — pelo governo dos EUA para identificar e deter imigrantes irregulares.

“Estão deportando até aqueles que têm processos de imigração em andamento para evitar que obtenham o green card (documento que legaliza a pessoa no país). E agem na surdina: estão disfarçados para evitar protestos e prender quem desejam sem alarde. Por isso, todos estão receosos de assistir aos jogos”, comenta, sob anonimato, um torcedor do Fluminense que possui green card.

Fiscalização rígida na entrada, mas sem agentes de imigração visíveis

Em todos os jogos do Mundial de Clubes acompanhados pela reportagem, não foi percebida a presença do ICE. Os torcedores também confirmam essa ausência.

O controle nas entradas restringe-se à proibição de itens ilícitos e inspeção via raio-X. No Lincoln Financial Field, a polícia utiliza até cães farejadores. Mochilas só são permitidas se transparentes.

“Há certo receio, mas até agora não vimos nada do tipo aqui dentro ou fora do estádio. Tudo está normal até o momento”, relata um torcedor da ‘Flu Boston’ presente no MetLife Stadium, em Nova Jersey.

Alberto Ferreira, palmeirense morador dos EUA há 29 anos, acredita que os agentes estão disfarçados. “Eles circulam à paisana, usando carros velhos para não chamar atenção, como em Orlando”, diz.

Trump intensifica operações nas cidades-sede

Até agora, o ambiente para imigrantes na fase de grupos do Mundial é tranquilo, mas a situação pode mudar. Trump orientou que as operações para deter e deportar imigrantes ilegais sejam intensificadas, destacando as cidades de Los Angeles e Nova York, ambas sedes do torneio.

“Devemos ampliar os esforços para deter e deportar imigrantes ilegais em grandes cidades dos EUA, como Los Angeles, Chicago e Nova York, onde vivem milhões deles”, declarou Donald Trump.

Operações recentes do ICE provocaram protestos principalmente em Los Angeles, que resultaram em episódios de violência. Como resposta, foram enviados quatro mil guardas nacionais e 700 fuzileiros navais para a cidade, que implementou toque de recolher a partir das 22h.

No sábado, manifestações contra Trump ocorreram nacionalmente no evento denominado “Dia Sem Reis”, com a Filadélfia sediando uma movimentação pacífica.

Tensão aumenta com possível ataque ao Irã

Apesar do clima festivo nos jogos do Mundial, os EUA vivem momentos de tensão. Além das controvérsias sobre imigração, Trump avalia a possibilidade de atacar o Irã, atualmente em conflito com Israel.

A Casa Branca informou que a decisão será tomada nas próximas duas semanas, período em que negociações devem ocorrer.

“Estamos preocupados. Viemos com minha esposa e filhos para curtir, não para enfrentar preocupações sobre guerra”, expressa o flamenguista Cláudio Fonseca, que adquiriu ingressos para as partidas da fase de grupos do Flamengo.




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