O delicado cessar-fogo entre Irã e Israel chegou ao seu terceiro dia nesta quinta-feira (26), enquanto a comunidade internacional acompanha com expectativa uma reunião entre Washington e Teerã para discutir o programa nuclear da República Islâmica.
As conversações entre os Estados Unidos e o Irã foram interrompidas após a ofensiva israelense iniciada em 13 de junho, alegando impedir a fabricação da bomba atômica pelo regime de Teerã.
O presidente americano, Donald Trump, envolveu os EUA no conflito com bombardeios no domingo passado contra três instalações nucleares no Irã, que, segundo ele, causaram um retrocesso de várias décadas no programa nuclear iraniano.
“Esperamos alcançar um acordo de paz global”, afirmou à CNBC o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff. Ele também destacou que há diálogos em andamento e que os iranianos aparentam estar preparados para avançar nas negociações.
Trump comentou que o cessar-fogo está “funcionando muito bem” e destacou que ambos Israel e Irã estão exaustos pelo conflito.
Segundo dados oficiais do Irã, somente entre civis foram 627 mortos e mais de 4.870 feridos devido às ações militares israelenses. Por sua vez, os ataques com mísseis e drones do país islâmico causaram 28 mortes em Israel, conforme autoridades locais.
Impacto e negociações
Irã defende seu direito a um programa nuclear para fins civis, mas demonstra disposição para negociar com os Estados Unidos a fim de limitar esse desenvolvimento em troca do fim das sanções econômicas.
Após reunião da Otan na Haia, nos Países Baixos, Trump afirmou que as instalações nucleares em Fordo, Natanz e Isfahan foram totalmente destruídas pelos bombardeios, ressaltando que a fabricação de armas nucleares está distante.
O Irã reconheceu danos significativos às suas instalações pelos ataques israelenses e americanos, embora especialistas sugiram que parte do urânio enriquecido pode ter sido removida previamente.
Documentos indicam que, embora as entradas tenham sido bloqueadas, as áreas subterrâneas permaneceram intactas, o que atrasaria o programa nuclear apenas por alguns meses.
A Casa Branca contestou essas alegações, afirmando que os locais ficaram cobertos por camadas de destroços. O Exército de Israel qualificou a operação como um golpe duro, porém ainda é cedo para avaliar totalmente os efeitos.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) declarou ser impossível mensurar os danos e solicitou acesso às instalações, informando que perdeu a visibilidade do material desde o início dos conflitos.
Retorno gradual à normalidade
A fragilidade da trégua anunciada permitiu que Teerã retornasse parcialmente à rotina, embora muitos estabelecimentos continuem fechados.
Moradores, como o comerciante de 39 anos Saeed, expressaram otimismo com a retomada das atividades e da vida cotidiana.
As autoridades anunciaram também a diminuição gradual das restrições à internet e a reabertura do espaço aéreo na região leste do país.
Paralelamente, o regime iraniano mantém a detenção de pessoas suspeitas de espionagem para Israel. Recentemente, pelo menos 26 indivíduos foram presos na região de Khuzestan, no sudoeste do Irã.
Durante a semana, o sistema judiciário executou três homens condenados por colaboração com Israel.
© Agence France-Presse